Agência France-Presse
postado em 27/07/2013 12:04
Rio de Janeiro - O Papa Francisco recomendou neste sábado um "diálogo construtivo" diante das manifestações sociais que ocorrem no Brasil desde junho, em um discurso para autoridades brasileiras no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.Para enfrentar o presente, é fundamental "o diálogo construtivo", disse, em espanhol. "Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, sempre há uma opção possível: o diálogo", afirmou, perante políticos e representantes da sociedade civil.
O primeiro Papa latino-americano também convocou os líderes a trabalhar com responsabilidade e para o bem comum. "O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que alcance cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evite o elitismo e erradique a pobreza", sustentou.
Fartos da corrupção que atinge a política brasileira, da péssima qualidade do transporte, da saúde e da educação públicas, além dos milionários gastos com a Copa do Mundo de 2014, mais de 1 milhão de pessoas - sobretudo jovens - saíram às ruas de todo o país em junho, em protestos que terminaram, muitas vezes, em confrontos violentos com a polícia, saques e destruição.
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Diante de líderes das maiores comunidades religiosas do Brasil, país com mais católicos no mundo, o pontífice também defendeu a laicidade do Estado, em uma declaração incomum. "A convivência pacífica entre as diferentes religiões é beneficiada pela laicidade do Estado, que, sem assumir como própria nenhuma posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo suas expressões concretas", disse.
Enquanto a Igreja Católica perde fiéis no Brasil há três décadas, os evangélicos crescem e contam com uma poderosa bancada no Congresso, de 73 deputados.
Quebrando o protocolo, Francisco abraçou calorosamente um ex-dependente químico, que cresceu em uma favela e hoje é professor de história. O jovem fez um discurso em nome da sociedade civil.
O Papa também cumprimentou várias pessoas, entre elas índios brasileiros, que se concentraram diante do pontífice e lhe pediram a bênção.
Um jovem índio tirou o cocar e ofereceu ao Papa, que agradeceu e o colocou na cabeça, sorrindo para a plateia.