Agência France-Presse
postado em 28/07/2013 08:31
RIO DE JANEIRO - Carregando os cartazes "Tira sua cruz do meu útero", mais de mil pessoas protestaram neste sábado (27/7) a favor do aborto legal e do casamento homossexual, diante de milhares de peregrinos católicos reunidos na praia de Copacabana.Na Marcha das Vadias, há muitos homens vestidos de mulher e muitas mulheres sem blusa, apenas de sutiã, saia, short, sapatos altos e batom vermelho nos lábios.
[SAIBAMAIS]"Acreditamos que o papa tem condições de usar toda essa solidariedade que diz ter para olhar as mulheres como iguais", afirmou Gisele Barbosa, uma professora de História, de 31 anos, do Movimento "Católicas pelo Direito de Decidir", que são pró-aborto.
Pelas calçadas de Copacabana, fica um rastro de crucifixos quebrados pelos manifestantes. Alguns peregrinos recolhem as cruzes e ficam indignados. "Isso é absurdo, não podem faltar ao respeito desse jeito com a gente", reclama uma jovem.
Gabriela Mayall, de 25, levou a filha Flora, de 4, para a marcha. "Ela precisa ver que o mundo está cheio de injustiças contra as mulheres, que as crianças não são apenas princesinhas", explicou.
"Queremos mostrar a todos que estão olhando para o Brasil pelo papa que esse é um país onde as mulheres têm muito poucos direitos, onde é normal ser agredida e onde o aborto está longe de ser uma garantia. Não queremos mais opressão", disse à AFP Ana Carolina Castro, de 24.
Uma integrante de um grupo de católicas que se somou à manifestação por uma teologia feminista exigia que "a Igreja dê espaço para as mulheres".
De vestido e colar de pérolas, Erick Araújo protesta pelos direitos das mulheres. "A opressão que existe desde sempre precisa de um limite, estamos em 2013, e as mulheres lutam pela mesma coisa desde 1960", queixou o rapaz.
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Os manifestantes também protestam pelo gasto público com a visita do papa e com a JMJ. "Queremos um Estado laico", gritavam.
"Nossa luta começou há muito tempo, mas estamos com nova energia com essa nova camada de feministas", disse Cláudia Braga, de 55, funcionária pública, que estava vestida de freira.