Made in Brasilia

Brasilienses se destacam no meio científico internacional

A capital federal também é destaque no cenário científico internacional. Especialistas nascidos ou formados na capital são protagonistas de estudos, pesquisas e publicações reconhecidos com assinatura brasiliense

Luiz Calcagno
postado em 21/04/2017 00:00

Bergmann Morais Ribeiro (de barba) e Jaime Santana, professores da UnB e destaque no meio científico internacional

Artigos publicados em revistas científicas internacionais, mestrado e doutorado fora do país e aulas em grandes universidades são alguns dos trabalhos dos acadêmicos made in Brasília. A capital federal conta com uma gama de professores formados, principalmente, na Universidade de Brasília (UnB), que inovam em diversas áreas da ciência e se destacam no mundo. Biologia molecular, virologia, mapeamento e engenharia genética, além de medicina de ponta e física teórica, são apenas algumas das especialidades com assinatura brasiliense. Bergmann Morais Ribeiro, 53 anos, nasceu, cresceu e se formou em biologia pela UnB. Concluiu o curso em 1986.

Depois disso, fez mestrado e doutorado na Inglaterra e um pós-doutorado nos Estados Unidos. Tem cerca de 790 trabalhos publicados na carreira. A maioria sobre virologia e engenharia genética de vírus de insetos. Os estudos dele permitem, por exemplo, o combate a pragas em lavouras sem o uso de agrotóxicos. ;Entrei na UnB em 1982. Tínhamos poucos laboratórios. Escrevíamos um total de cinco a 10 artigos por ano. Hoje, em contato com alguns pesquisadores, cheguei a um número de quase 10 mil publicações;, orgulha-se.

Para Bergmann, a qualificação está diretamente relacionada com o amadurecimento de Brasília. ;Eu nasci aqui. Cresci e vi essa cidade crescer. Agora, ela completa 57 anos. O aumento no número de pesquisadores é muito vantajoso. Significa muito para a capital. Temos mais profissionais de qualidade, formados por pessoas competentes e que formarão pessoas competentes mais à frente. O futuro está na educação;, avalia.

Especialista em biologia molecular, o professor da UnB Jaime Santana trabalha também com o virologista brasiliense. Ele nasceu em Guaraci, no interior de São Paulo, e veio para o DF aos 18 para estudar. Especializou-se na doença de Chagas. Jaime fez doutorado em biologia molecular na Universidade de Poitiers, na França. Deu aulas na Northwestern University, em Chicago, nos Estados Unidos. Mas nunca quis deixar Brasília. ;Sou casado, tenho um filho de 20 anos, que estuda na UnB e faz engenharia, e uma filha de 18, que está prestando vestibular. O meu lugar é aqui. Gosto daqui e é minha responsabilidade contribuir com a ciência do meu país;, declara.

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Desenvolvimento

O físico teórico Sylvio Canuto, 66, trocou Maceió pelo DF aos 18. Cursou ciências exatas na UnB no começo de 1969 com a intenção de se especializar em engenharia, mas acabou se enveredando para a física. Hoje, é professor titular da Faculdade de Física da Universidade de São Paulo (USP). A história dele, porém, é um caso de amor com Brasília. ;É uma cidade que, quando você mora, você acha que nunca mais vai conseguir viver em outro lugar. Se, como foi o meu caso, você, ainda assim, se muda, descobre que é possível. Mas eu nunca deixei de ir a Brasília e visitar a cidade;, conta. Sylvio é autor e coautor de cerca de 250 publicações em periódicos internacionais com colegas de 23 países. É editor da revista internacional Spectrochimica Acta Part A.

Geógrafo, professor emérito da UnB, cidadão honorário de Brasília e diretor de Estudos Urbanos e Ambientais da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), o pesquisador Aldo Paviani tem, pelo menos, 10 publicações e diversos trabalhos interdisciplinares sobre o desenvolvimento da cidade. Ele veio para a capital em 1969 para fundar o curso de geografia do Instituto de Geociências. ;Quando cheguei, verifiquei que era importante estudar Brasília como cientista;, revela.

;Temos muitos quadros de pesquisadores. Formados não só na UnB, mas no Centro Universitário de Brasília (Ceub) e na Universidade Católica. Se conseguíssemos que o DF fosse uma capital tecnológica, com o desenvolvimento da Cidade Digital, empregaríamos muita gente que está no topo do desenvolvimento. Mas falta quem invista;, lamenta.

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