Azelma Rodrigues - Especial para o Correio
postado em 05/12/2016 17:27
A demora das empresas de cartão para reembolsar o varejo está entre as principais reclamações dos empresários. ;Temos que pagar para vender, o que é uma situação perversa;, afirma Paulo Solmucci Junior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). De acordo com ele, o cliente paga ao banco o valor da compra com cartão de crédito em 25 dias, em média, e o lojista só recebe 30 ou 31 dias após a venda. A média internacional gira em torno de sete dias.
[SAIBAMAIS]Para o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Aldo Mendes, a mudança desses prazos não pode ser feita do dia para a noite. ;Ao acabar com isso, que tipo de impacto vai trazer para a cadeia como um todo? Vai ter que redistribuir essa cadeia, receitas, despesas;, diz. Na opinião dele, será preciso abriu uma grande discussão, que envolva o Congresso Nacional, para elaboração de novas leis. ;Acabar por decreto é uma temeridade.;
Responsável por circulares do BC sobre o assunto, Mendes lembra que acabar com esse prazo seria excelente, tornaria tudo mais simples. ;Acabaria, por exemplo, todo o mercado de recebíveis (títulos) e toda a complicação que ele gera, do ponto de vista de liquidação, gestão de risco, transparência. Mas não é fácil e teria que ser feito com muito cuidado e atenção;, afirma.
Deságio
Solmucci pondera que os setores de comércio e de serviços não estão buscando proteção ou subsídios do governo. ;O que precisamos é que as boas práticas da concorrência internacional ocorram também no Brasil;, ressalta.
Outro ponto ressaltado no debate foi a questão dos vouchers ; vale-refeição e vale-alimentação. O varejo reclama da legislação do Ministério do Trabalho, que cria uma reserva de mercado e protege a indústria atual de qualquer concorrência, com impedimentos à entrada de novas empresas.
Marcelo Nunes, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), junta-se às críticas sobre distorções no mercado de vouchers, que, segundo lojistas, são vendidos com deságios a grandes empresas, embora o dono do restaurante e o consumidor não se beneficiem desses descontos. ;O voucher é um calo para o comércio;, afirma.
Há bandeiras internacionais prontas para entrar no mercado brasileiro em 2017 se houver flexibilização das regras, segundo informa o presidente da First Date do Brasil, Henrique Capdeville.