postado em 05/12/2016 17:55
O maior desafio da indústria de processamento de dados de pagamentos é promover ganhos de produtividade, para que as instituições consigam competir de maneira isonômica. A afirmação é de Henrique Capdeville, presidente da First Data Brasil, uma das maiores empresas do mundo no setor, que já investiu R$ 500 milhões no país e espera aplicar outros R$ 120 milhões no ano que vem.
[SAIBAMAIS]Capdeville, que tem mais de 25 anos de experiência no setor, com passagens pela MasterCard e pela Cielo, disse que a First Data vê o Brasil como um mercado promissor, mas é preciso andar mais rápido com a regulamentação dos meios de pagamento eletrônicos. ;Obviamente, existe alguma frustração. Entendíamos que tudo seria bem mais rápido;, ressalta. Apesar dos percalços, ele acredita que a empresa tem tudo para crescer no mercado brasileiro. ;Tivemos o primeiro resultado positivo em agosto. Ainda não estou falando de lucro, mas creio que, até o fim do ano que vem, ele virá;, relata.
Dois aspectos devem ser levados em conta quando se fala em cartões, tanto do ponto de vista do consumidor quanto do comerciante: segurança e comodidade. ;Enquanto a gente entregar conveniência e segurança a um preço justo, essa indústria vai existir. Do contrário, sumirá. Vou dar o exemplo: no começo, as redes de fast food não queriam aceitar cartões, porque o processamento nas maquininhas demoraria. Quando colocaram, viram que aquilo era mais rápido do que passar troco, mais rápido do que contar dinheiro, mais seguro porque não tinha o risco de alguém passar lá e roubar o caixa;, relata.
"Enquanto a gente entregar conveniência e segurança a um preço justo, essa indústria vai existir. Do contrário, sumirá"
Henrique Capdeville, presidente da First Data Brasil
Em defesa dos meios eletrônicos de pagamento, Capdeville afirma que a diferença de comportamento que o consumidor tem quando usa dinheiro e quando usa cartão beneficia o lojista. ;Nos meus tempos de criança, quando ainda não existia cartão, ia até a padaria e voltava com três bisnagas e um litro de leite. Hoje você vê fila na padaria, porque a pessoa chega lá, compra um sonho, um suco de laranja. Eles não têm a sensação daquele gasto imediato e isso leva muito dinheiro ao lojista. Nesse momento de crise, um instrumento de crédito fácil, rápido e seguro é de extrema valia para o comércio;, destaca.
Para o presidente da First Data, a verticalização dos meios de pagamento ; quando um mesmo grupo empresarial detém a emissora (geralmente um banco) e a credenciadora (donas das maquininhas) dos cartões eletrônicos ; tem aspectos positivos e negativos. Segundo ele, a verticalização proporcionou ganhos de produtividade e foi responsável por levar as maquininhas aos mais de 5.500 municípios do Brasil. ;Isso foi feito às custas de subsídios dos grandes centros, porque não valeria a pena colocar um POS (maquininha) no interior do Acre devido ao baixo volume de transações. Então, os resultados do Sudeste ajudam a bancar isso;. Do aspecto negativo, Capdeville ressalta que os ganhos nos últimos anos por parte do sistema não se converteram em benefícios para o consumidor e o varejista.