Do pão, aproveita-se tudo. Pensando assim, há centenas de anos, cozinheiros portugueses criaram uma receita da qual o Brasil se apoderou e hoje é um quitute típico do nosso cardápio natalino: a rabanada. Em terras lusitanas, ela é conhecida como fatia de parida ou fatia de dourado. O nome pode mudar, mas não a matéria-prima. Feita com pão amanhecido, umedecido em vinho ou na mistura de leite condensado, leite e ovos, a guloseima é facilmente encontrada em padarias e lojas similares no mês de dezembro.
[SAIBAMAIS]
Há quem acrescente nozes, frutas secas, mel, leite de coco, sorvete e raspas de frutas cítricas à rabanada para deixá-la ainda mais irresistível. Mas Cláudio Oliveira, proprietário da Pães e vinhos, é um dos que levantam a bandeira a favor da receita clássica. O empresário mantém-se fiel ao seu modo de preparo de 16 anos atrás, quando a padaria foi inaugurada. ;Algumas receitas, como a rabanada, não precisam de releituras. Por insistência de alguns clientes, inseri uma versão assada em nosso menu, mas o modo de fazer segue a risca a maneira tradicional;, comenta. Conceição Farias, confeiteira-chefe da Pães e Vinhos, prepara a guloseima com uma bisnaga doce artesanal. A sugestão é do chef francês Philippe Lanie, que presta consultoria à padaria. O segredo vem da terra natal de Lanie: a técnica francesa de fermentação natural, pain au levain. ;Adotamos essa fermentação, que pode levar até uma semana, porque ela dá ao pão maior durabilidade e um miolo mais aerado, ideal para o preparo da rabanada;, afirma Cláudio Oliveira. ;O pão francês tem menos absorção, então, a rabanada acaba ficando um pouco mais seca;, adverte. Na Pães e Vinhos, o quilo da rabanada frita ou assada custa R$ 32,90.