Agência France-Presse
postado em 13/03/2013 11:44
Uma espessa coluna de fumaça negra saiu nesta quarta-feira às 11h40 de Roma (7h40 de Brasília) da chaminé da Capela Sistina no Vaticano, indicando pela segunda vez ao mundo e às milhares de pessoas reunidas na praça de São Pedro que os cardeais reunidos no conclave ainda não escolheram um novo Papa. Mais de 3.000 pessoas estavam na Praça de São Pedro, sob chuva, para aguardar o anúncio da eleição ou não do novo pontífice.
[SAIBAMAIS]Os 115 cardeais eleitores organizaram duas votações inconclusas durante a manhã. Eles voltarão a se reunir pela tarde para mais duas votações. Os cardeais já haviam votado pela primeira vez na tarde de terça-feira, sem que nenhum nome conquistasse os 77 votos necessários para virar o líder espiritual dos 1,2 bilhão de católicos do mundo, como sucessor de Bento XVI, o Papa que renunciou em 28 de fevereiro. A primeira votação, cujo resultado era previsível, serviu para colocar sobre a mesa os nomes dos favoritos e medir forças.
Os vaticanistas apontam como favoritos um italiano, o arcebispo de Milão Angelo Scola, de 71 anos, e três nomes do continente americano. Os cotados são o brasileiro Odilo Scherer, 63 anos, arcebispo de São Paulo e considerado o candidato da cúria; o canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e discípulo de Bento XVI; o americano Timothy Dolan, 63 anos, arcebispo de Nova York.
A fumaça da manhã desta quarta-feira foi resultado de duas votações dos cardeais eleitores, que devem organizar mais dois escrutínios durante a tarde. Após a sessão da manhã, os participantes seguiram para o almoço na Casa Santa Marta, onde estão hospedados até a eleição do novo bispo de Roma.
Há oito anos, Bento XVI foi eleito no segundo dia do conclave, após a primeira votação da tarde. Os vaticanistas concordam que este conclave também deve ser curto, mas destacam que a polarização pode deixar a reunião mais longa. Neste caso poderia entrar em jogo algum nome que não apareceu nas listas de ;papabili;, pois um antigo ditado romano repetido por muitos afirma: "Quem entra Papa no conclave sai cardeal". No último século, no entanto, nenhum conclave superou cinco dias.
A imprensa italiana aposta forte no arcebispo de Milão, ex-patriarca de Veneza e promotor do diálogo religioso, especialmente com o islã, que já contaria com quase 40 votos. De todos os modos, o novo pontífice será um conservador, pois todos os eleitores, nomeados por João Paulo II e Bento XVI, têm esta visão da Igreja.
Eleição sem luto
A eleição de um Papa - que pela primeira vez em sete séculos não é marcada pelo luto do pontífice anterior - é sempre uma grande atração em Roma e cada fumaça reúne multidões. Os técnicos do Vaticano prometeram desta vez que, pelo menos a fumaça negra será observada sem dúvidas, ao contrário do que aconteceu em 2005, quando a fumaça que saía pela chaminé começava cinza antes de mudar para outra cor, o que criava confusão.
A imprensa italiana informou que o papa emérito Bento XVI acompanhou o ritual do primeiro dia do conclave pela televisão na residência de Castelgandolfo (25 km ao sul de Roma), onde reside à espera de uma mudança para um mosteiro dentro do Vaticano, a poucos metros do palácio apostólico. O secretário particular dele, Georg G;nswein, que mantém o cargo de prefeito da Casa Pontifícia, também estará a serviço do novo Papa, algo inédito na história da Igreja e que provoca muitas dúvidas sobre o papel de elo entre dois pontífices.
Quando um candidato alcançar o número de votos necessários para ser eleito e aceitar assumir a responsabilidade, o anúncio será feito com uma fumaça branca acompanhada pelo som dos sinos São Pedro, seguido pelas demais igrejas de Roma. O novo pontífice escolherá então o nome com o qual governará a Igreja e vestirá pela primeira vez a sotaina branca, antes de ser apresentado a Roma e ao mundo para pronunciar a primeira bênção "Urbi et Orbi" da sacada do Palácio Apostólico.