Novo Papa

Eleição de primeiro papa latino-americano é uma escolha histórica

A América Latina é o continente mais católico do mundo e que não sentia importância reconhecida

Agência France-Presse
postado em 13/03/2013 20:03
Cidade do Vaticano - Ao eleger o cardial argentino Jorge Mario Bergoglio para liderar a igreja, os cardiais fizeram uma escolha histórica: ele será o primeiro papa latino-americano, continente mais católico do mundo e que não sentia importância reconhecida. Quando apareceu diante de seus milhares de súditos, o novo papa, que escolheu o nome de Francisco para homenagear São Francisco de Assis, optou pela simplicidade. Ele pediu às dezenas de milhares de fiéis reunidos na praça São Pedro e aos outros milhões que assistiam pela televisão para que "rezassem por ele", e em seguida declarou a benção.

Concorrente de Joseph Ratzinger no conclave de 2005, esse jesuíta de 76 anos não estava entre os favoritos dos apostadores por causa de sua idade já avançada. Ele é visto como um moderado, reformador no plano social, pragmático e caloroso. O colégio de 115 cardiais eleitores decidiu não acabar com a sequência de papas não-italianos, após 35 anos de pontificado polonês e depois alemão.

Pela segunda vez consecutiva os cardiais escolherão um papa mais idoso. Joseph Ratzinger, a quem Francisco I homenageou, havia sido eleito aos 78 anos. Esta eleição, porém, foi realizada num contexto totalmente novo: a renúncia de um papa há menos de um mês e pela primeira vez em 700 anos. Em outras palavras, Ratzinger abriu um precedente ao declarar que um papa pode abandonar o cargo de chefe da Igreja Católica por motivos de cansaço.



Para o vaticanista Bruno Bartoloni, o cardial Bergoglio, que era favorito frente a Ratzinger no conclave de 2005, "é um homem concreto, pragmático, eficaz, que poderá fazer algo sólido, inclusive reformar a Cúria romana". "No plano social, ele é provavelmente muito aberto, e sem dúvida conservador no que diz respeito às questões morais, como todos os cardiais escolhidos por João Paulo II e Bento XVI", continuou Bartoloni.

[SAIBAMAIS]"Os cardeais escolheram o caminho mais seguro, não quiseram se lançar em uma aventura", opinou o vaticanista, explicando que, como no caso de Joseph Ratzinger em 2005, o cardeal Bergoglio era velho conhecido de todos no colégio sagrado. O argentino assume as rédeas da Igreja num momento de turbulência em que a instituição está dividida, sofrendo na América Latina com a concorrência dos grupos pentecostais, além dos escândalos sexuais de pedofilia envolvendo padres.

A igreja também encontra dificuldade em transmitir sua mensagem no mundo moderno, e não é à toa que a "nova evangelização" foi citada pelo novo papa na sua primeira declaração pública. "A igreja precisa se libertar dos obstáculos, das sujeiras, das gestões ruins, que ferem o objetivo principal que é de encontrar Deus", explicou à AFP o vaticanista do jornal l;Espresso, Sandro Magister.

"A Cúria confusa, desordenada, precisa ficar mais leve para trabalhar exclusivamente a serviço do papa, ao invés de dificultar sua comunicação com os bispos", disse o vaticanista. Para Andrea Tornielli, vaticanista do jornal La Stampa, a linguagem precisa ser renovada e ser menos doutrinária. Um papa precisa "proclamar o Evangelho de maneira positiva, para que as pessoas se sintam amadas, e não julgadas".

Uma prioridade concreta e fundamental é a busca por soluções práticas para que o Evangelho possa ser divulgado sem a presença de padres e com reformas que permitam atrair os jovens à vocação religiosa no ocidente. Outras reformas são pedidas, como o casamento de padres, mas é incerto que o novo papa esteja pronto para tamanho passo.

Se reformas não forem adotadas, a contestação, que já é forte em países como a Áustria, corre risco de se estender rapidamente, inclusive na América Latina.

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