Agência France-Presse
postado em 13/03/2013 22:38
As autoridades políticas e religiosas do mundo inteiro e, em especial da América Latina, receberam nesta quarta-feira com surpresa e satisfação a eleição do primeiro Papa das Américas, o jesuíta argentino Jorge Bergoglio.No Brasil, o país com mais católicos do mundo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que esta eleição "revigora a Igreja na sua missão de fazer discípulos entre todas as nações".
"A escolha de um latino-americano vem mostrar que a Igreja se abre, que ela está voltada para todo o mundo, não está voltada apenas para a Europa", afirmou a secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, que elogiou a experiência de Bergoglio como pastor de seus fiéis e a escolha de seu nome, uma homenagem a Francisco de Assis.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou que "os fiéis aguardam a vinda do papa Francisco ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude", que pode se tornar no primeiro grande evento internacional em massa do novo pontífice, em julho, no Rio de Janeiro.
No México, o segundo país com mais católicos do mundo, Eugenio Lira, secretário-geral da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), deu as boas-vindas à escolha que "nos enche de alegria porque nos sentimos mais identificados com alguém que conhece a realidade de nossos povos latino-americanos".
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, expressou "nossa aprovação pela eleição do primeiro Pontífice de origem latino-americana", em sua conta oficial da rede social Twitter. Dos 112 milhões de mexicanos, 84% são batizados.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, que afirma ser católica mas mantém uma fria relação com o cardeal primaz da Argentina, lhe desejou uma "frutífera tarefa pastoral desempenhando tão grandes responsabilidades em busca da justiça, igualdade, fraternidade e da paz da humanidade".
O presidente americano, Barack Obama, felicitou a escolha que testemunha "a fortaleza e a vitalidade de uma região que está crescentemente moldando nosso mundo e, junto a milhões de hispano-americanos, compartilhamos aqui nos Estados Unidos a alegria deste histórico dia".
Obama afirmou ainda que espera "trabalhar com Sua Santidade em busca da paz, segurança e dignidade dos seres humanos...". Cerca de 80 milhões de americanos são católicos romanos, o que corresponde a um quarto da população dos EUA.
A União Europeia também cumprimentou e desejou ao novo Papa um pontificado "longo e bendito" para que possa "defender e promover os valores fundamentais de paz, solidariedade e dignidade humanas".
O secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, também saudou a eleição. "É o primeiro (Papa) americano e latino-americano e isso nos alegra muitíssimo".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, exortou o novo Papa a continuar os esforços de seu antecessor para melhorar as relações entre as diferentes religiões do mundo.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que a primeira eleição de um Papa latino-americano é um "ato de coragem por parte dos cardeais", que quiseram "ampliar o olhar da Igreja".
O presidente cubano, Raúl Castro, enviou seus "cordiais cumprimentos" ao novo papa Francisco e o presidente da Conferência de Bispos Católicos de Cuba, Dionisio García, expressou sua alegria pelo fato de os cardeais terem escolhido em pouco tempo e sua "satisfação" porque este é latino-americano.
"Significa que a Igreja mergulha em um mundo que a Europa não é o centro, o eixo do mundo, mas uma sociedade que abrange todos os países", disse à AFP García, arcebispo de Santiago de Cuba.
"O fato de que a América Latina tenha em Francisco o primeiro Papa da história deste continente que leva mais de 500 anos de vida cristã fala da maturidade da Igreja na América Latina", comentou por sua vez o arcebispo de Santiago do Chile, Ricardo Ezzati.
A chanceler alemã, Angela Merkel - filha de um pastor protestante e do país onde nasceu o Papa anterior, Bento XVI, se disse alegre particularmente de que, para os cristãos da América do Sul, um dos seus será chamado pela primeira vez de líder da Igreja Católica".
"Desejo ao Papa Francisco saúde e força", indicou em um comunicado, destacando que "as esperanças" de "milhões de fiéis na Alemanha e no mundo" olham agora em direção ao novo Papa.
O presidente francês, François Hollande, felicitou o novo Papa e afirmou que a França continuará o "diálogo de confiança" com a Santa Sé.
Os reis da Espanha, Juan Carlos e Sofia, também enviaram um telegrama ao novo Papa Francisco cumprimentando-o por sua eleição.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, celebrou a eleição e destacou que "pela primeira vez na história temos um Papa latino-americano, um Papa sul-americano, um Papa cuja língua materna é o espanhol e que vai se chamar Francisco. Em boa hora, desejamos o melhor a este novo Papa e nos sentimos muito contentes".
A Colômbia conta com uma população católica de mais de 38 milhões de pessoas, o terceiro país em número de fiéis na América Latina.
O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, disse em tom jocoso que o falecido dirigente venezuelano Hugo Chávez deve ter influenciado dos céus para que fosse eleito pela primeira vez na história um Papa latino-americano.
O candidato opositor venezuelano, Henrique Capriles, também saudou o novo Papa e aproveitou para lhe pedir que benzesse a Venezuela. "Iremos acompanhá-lo com nossas orações, certos de que Deus lhe dará a luz para enfrentar as situações difíceis, já que seu Pontificado se inicia em uma hora marcada pela complexidade".
O presidente palestino, Mahmud Abbas, convidou o chefe da Igreja Católica a visitar Belém, na Cisjordânia, lugar onde nasceu Jesus, segundo a tradição cristã.
Abbas fez um convite a Francisco a "trabalhar pela paz, em especial no Oriente Médio".