Agência France-Presse
postado em 06/12/2012 14:38
Paris - Os comunistas franceses prestaram nesta quinta-feira uma homenagem ao arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que desenhou e concebeu a sede do Partido durante o seu exílio na França nos anos 1970, em uma de suas obras emblemáticas.No outrora proletário leste de Paris, a obra de Oscar Niemeyer, falecido na noite de quarta-feira aos 104 anos, se destaca por suas curvas, com uma bolha de concreto branco que sai do chão.
Foi sob esta bolha que as autoridades do Partido Comunista Francês (PCF), que em 2012 conta apenas com dez deputados, negociaram com os socialistas do futuro presidente François Mitterrand quando eram a maior força política da França.
"Este é um pedaço de terra brasileiro", afirma sorridente Gérard Fournier, administrador do prédio. "Foi a primeira vez que tivemos um estilo deste, de concreto e vidro", lembra Georges Cukierman, ou "Jojo", militante do PCF "há 70 anos".
Bernard Brezout, de 70 anos, era um jovem engenheiro quando trabalhou na projeção deste edifício com Niemeyer, considerando este "o projeto de uma vida". No final dos trabalhos (1971), quando surgia um problema, era preciso ter paciência. O arquiteto, quando voltava ao Brasil, nunca retornava à França de avião: "Tínhamos que esperar um mês para que chegasse de navio".
Ele se lembra principalmente do talento de Niemeyer e de que era muito compreensivo. Seu trabalho em conjunto e suas "ótimas trocas de ideias" tiveram como resultado um patrimônio nacional. "Quando ele explicava a arquitetura, todos podiam entender", ressaltou "Jojo". Em três dias, Oscar Niemeyer, refugiado político na França, fez o desenho do edifício e o ofereceu como um presente ao Partido Comunista Francês. Todos os anos, 15.000 visitantes "de escolas de Arquitetura do mundo inteiro" visitam o número 2 da Praça Coronel Fabien.
Chamada por muito tempo de "bunker", "fortaleza", "abrigo anti-atômico", a sede do Partido Comunista Francês abre agora suas portas para o cinema, para a alta costura ou para conferências. Em sinal de luto, as bandeiras do Brasil e da França estão a meio-mastro na sede do PCF, onde um livro de ouro foi aberto.