postado em 07/12/2012 06:49
Há exatos 25 anos, a cidade feita por Oscar Niemeyer e Lucio Costa recebia o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Mas o crescimento urbano implicou problemas, situações e ocupações jamais previstos pelos idealizadores da capital cravada no coração do país. Oscar não se furtou à crítica. Jamais se esquivou da responsabilidade de ser um verdadeiro guardião da integridade de Brasília.Frequentemente expôs como era contrário às intervenções que talhariam o plano urbanístico da cidade. Esteve na linha de frente para impedir, por exemplo, que levantassem muretas para separar as pistas do Eixão, tentativa chamada por ele de ;esculhambação;. O ícone da arquitetura modernista, que revolucionou a estética da construção brasileira, era adepto da correspondência postal na hora de reclamar. ;O Eixo (Eixão) tem a importância que a capital deve ter. Aí apareceu alguém querendo fazer no meio um caminho com duas muretas de cada lado. Escrevi uma carta esculhambando e eles pararam de fazer. É necessário escrever uma carta a cada semana;, disse ao Correio, em 2008.
Aliás, aquele foi um ano de desabafos de Oscar. Em março, em entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian, ele se mostrou extremamente preocupado com os rumos do crescimento da capital. Chegou a dizer que sua obra-prima, ainda que incomparável, ;está fora de controle;. Para o projetista, o preocupação era com os excessos. ;Há problemas no jeito com que Brasília evoluiu. A cidade deveria ter parado de crescer há algum tempo. O trânsito está mais difícil e o número de habitantes já ultrapassou o previsto;, disse.