postado em 09/12/2012 07:45
Sob as curvas arrojadas da Catedral Militar Rainha da Paz, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o auxiliar administrativo Sebastião Alves, 46 anos, encontra-se com a própria fé. Sempre que pode, antes de deixar o trabalho no Plano Piloto e voltar para Taguatinga, onde mora com a família, o brasiliense passa na igreja para pedir proteção e agradecer graças alcançadas. Na última quinta-feira, ele também aproveitou o silêncio do local para fazer uma prece em homenagem ao projetista do espaço, falecido no dia anterior.
Nascido no Bairro de Laranjeiras, em outubro de 1907, Oscar Niemeyer desde cedo declarou-se ateu. Isso não impediu, porém, o arquiteto do traço fácil de criar dezenas de espaços religiosos, em várias cidades do Brasil e do mundo. Apenas na capital federal, além da Rainha da Paz, ele projetou a Capela Nossa Senhora da Alvorada, a Igreja Nossa Senhora de Fátima, a Capela do Palácio do Jaburu, a Igreja Apostólica Ortodoxa Antioquino de Brasília, a Capela do Anexo 4 da Câmara dos Deputados e a Catedral Metropolitana de Brasília.
De tão marcantes na obra do arquiteto, em agosto de 2011, as construções viraram tema de livro. Nas páginas de As igrejas de Oscar Niemeyer, há registros de 16 capelas, igrejas e catedrais desenhadas pelo artista. Já na introdução, ele explica o aparente paradoxo. %u201CEu senti que deveria dar uma explicação, porque sou comunista e estou fazendo tantas igrejas. Mas nasci em uma família muito religiosa. Meu avô era religioso. Na casa em que eu morei, tinham cinco janelas, uma delas transformada em oratório pela minha avó. Tinha missa lá em casa. É uma coisa muito natural%u201D, disse Niemeyer.