postado em 09/12/2012 09:35
As obras do arquiteto Oscar Niemeyer em Brasília atraem milhares de turistas à capital federal. Para muitos, entretanto, não basta olhar. Não levar um pedacinho dele para casa, nem que seja uma miniatura ou um chaveiro com um dos seus feitos, é como não ter passado pela capital do país. A professora Iriscleide Lopes da Silva, 45 anos, sempre compra uma lembrancinha quando visita a cidade. ;Moro em Itaitutinga, no Ceará, e sempre sonhei em conhecer o Distrito Federal. Há dois anos, consegui vir à cidade e, para recordar, levei uma réplica da Catedral. Desta vez, vou levar chaveiros para os familiares.; Com a morte do mestre da arquitetura brasiliense, na última quarta-feira, os artesãos estimam que as vendas aumentaram 30% apenas na
última sexta-feira. Até o fim do mês, o índice deve chegar a 50%.
Iriscleide desembarcou em Brasília no dia em que Niemeyer morreu para um encontro profissional e aproveitou as horas vagas para percorrer os principais pontos turísticos da cidade. ;Admiro tudo o que ele fez. Foi uma grande perda para todos nós. Não pude deixar de apreciar novamente a arquitetura magnífica da capital, pois não sei quando vou voltar;, diz. Os suvenires podem custar entre R$ 1 e R$ 100. Eles estão espalhados nos lugares que mais recebem visitantes, como a Praça dos Três Poderes, a Catedral, a Torre de TV, o Aeroporto Juscelino Kubitschek, além da Rodoviária Interestadual de Brasília.
O artesão Luís Augusto Pereira, 20 anos, ganha a vida com o comércio de suvenires na Feira da Torre. Ele conta que aqueles que ilustram as obras de Niemeyer são as prediletas dos visitantes. ;Os próprios brasileiros compram muito. Segui os passos do meu pai e adoro o que faço. Amo Brasília e, principalmente, a arquitetura, não a trocaria por outra cidade. Não posso reclamar do meu trabalho, é muito prazeroso;, garante. Também artesã, Neide Rodrigues, 39, vende seus produtos embaixo da Torre e afirma que os turistas não deixam de levar uma lembrança da capital do país. ;É uma maneira de reviver a experiência, ter uma recordação em casa. Acho muito importante.;
Neide assegura ser brasiliense de coração, apesar de ter nascido no Piauí. ;Adotei a cidade como minha. Cheguei com 13 anos e já me considero parte disso tudo.; Ela conta que os itens mais vendidos são chaveiros e miniaturas da Catedral. ;É um monumento único, não há quem não goste. Posso até dizer que é o que mais atrai turistas, principalmente os religiosos;, completa. A artesã lamenta a morte de Niemeyer. ;Ele não deixou apenas suas obras, mas um pouco do que foi. Não é à toa que é o melhor arquiteto do mundo. É uma honra conhecer de perto o que ele fez.;
O artesão Herli alves dos Santos, 48 anos, além de vender as réplicas dos monumentos, dá dicas sobre a história de Brasília. ;As pessoas se interessam muito. Tive de aprender tudo sobre a cidade, porque elas sempre perguntam o que é cada miniatura, quando foi feita e onde fica. Por isso, estudei tudo a respeito da arquitetura;, diz. A vida de ambulante, no entanto, não é fácil. ;Considero nosso trabalho como um complemento do turismo. Mas vivemos com medo. De vez em quando, a fiscalização aparece e nos expulsa, além de levar as mercadorias. Acho um absurdo;, reclama.