Paulo de Tarso Lyra
postado em 31/07/2012 08:00
Apesar do esforço petista em minimizar os efeitos do mensalão nas campanhas municipais, a legenda ainda luta para contornar o incômodo causado pelas alianças costuradas com antigos inimigos que hoje são aliados do Planalto. Ontem, por exemplo, o constrangimento foi traduzido em ausências durante um megaencontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 118 candidatos, promovido para que os prefeitáveis tirassem fotos com o líder do PT. Os hoje ex-deputados e ex-tucanos Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, e Gustavo Fruet (PDT), candidato à prefeitura de Curitiba, que, em 2005, fizeram oposição ferrenha ao PT durante a CPI dos Correios, preferiram evitar o evento realizado em São Paulo. Alegaram compromissos inadiáveis.Em ambos os casos, foi forte a resistência de setores do PT a abrir mão de uma candidatura própria e apoiar um antigo adversário da sigla. No Rio de Janeiro, o deputado federal Alessandro Molon liderou um ato na tentativa de impedir a coligação PT-PMDB, e se apresentou como possível candidato petista à prefeitura carioca. Foi derrotado na convenção do partido. Rechaçado por uma ala comandada pelo deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), sobretudo por sua atuação nas investigações sobre o mensalão, Fruet só conseguiu acalmar os ânimos no estado após fazer uma visita a Lula, articulada pelo secretário de Comunicação do partido, André Vargas, e pelos ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e das Comunicações, Paulo Bernardo.
[SAIBAMAIS]
;No nível nacional, ainda existem petistas que demonstram desconforto de ver o Fruet lado a lado com o PT nas eleições;, admite o secretário nacional de Organização da legenda, Paulo Frateschi, para quem o pedetista enfrenta uma situação mais complicada do que Paes. ;O Eduardo Paes veio à direção do PT, fez um mea-culpa e já passou por uma eleição como aliado do partido. O Fruet está na primeira eleição dele, é um aliado recente. Ainda existem ressalvas;, observa Frateschi.
Resistência
Além da aproximação com Lula, o pedetista encontrou, na composição de sua chapa, uma saída para contornar a resistência a seu nome, cedendo a vaga de vice para a petista Míriam Gonçalves. ;Minha conversa com o Lula foi centrada nas propostas que eu tenho para a prefeitura de Curitiba. O mensalão só foi citado en passant. Ele não me cobrou nada;, diz Fruet. ;É preciso lembrar que, da minha parte, não houve ataques pessoais durante a CPI. Nunca generalizei, nunca xinguei ninguém. O julgamento político já aconteceu, nós viramos essa página;, afirma o candidato.
O assunto mensalão nem sequer foi mencionado no encontro de ontem entre Lula e os candidatos a prefeito. O único a discursar no evento foi o presidente do PT, Rui Falcão, que se limitou a falar sobre a importância das eleições municipais para a legenda. Lula chegou sem dar declarações e se dedicou apenas às sessões de fotos com aliados. Primeiro, posou com todos juntos. Depois, em uma sala reservada, tirou fotos com cada um dos candidatos. Por último, foi fotografado ao lado de mulheres aliadas que disputam prefeituras neste ano.