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Petistas tentam se desvincular do estigma do "mensalão do PT"

Parlamentares do partido montam discurso para afastar apelido que ficou conhecido o esquema de compra de votos da base aliada

postado em 03/08/2012 07:25

O mais esperado e importante julgamento da história recente do país envolve réus ligados a três partidos. No entanto, embora os acusados do PTB e do PR corram o risco de ser condenados, o escândalo ficou conhecido como o ;mensalão do PT;. A legenda desde então tenta se desvincular do processo ; iniciado ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ;, que tem origem em investigações de fatos ocorridos ainda na campanha presidencial de 2002, que elegeu pela primeira vez Luiz Inácio Lula da Silva.

O mensalão está ligado ao Partido dos Trabalhadores por ter sido arquitetado, segundo as investigações do Ministério Publico Federal (MPF), para o pagamento de dívidas de campanha assumidas pela legenda 10 anos atrás. Além de envolver comandantes do PT, como José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Lula, o escândalo atingiu em cheio parlamentares petistas.

Os ministros do STF julgarão sete réus filiados ao PT: o ex-ministro José Dirceu; o ex-tesoureiro Delúbio Soares; o ex-presidente do partido José Genoino; os ex-deputados federais João Magno, Paulo Rocha e Professor Luizinho; além do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP).
Em 2002, os dirigentes do PT teriam concordado em pagar R$ 10 milhões ao Partido Liberal (atual Partido da República ; PR) em troca de apoio da legenda à campanha de Lula. O PT então teria recorrido ao empresário Marcos Valério para obter um empréstimo e quitar as dívidas de campanha. O dinheiro, porém, foi usado, segundo a acusação, para a compra de votos de parlamentares em matérias de interesse do governo Lula no Congresso Nacional.

;Tudo tem início com a vitória do Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2002. O objetivo era garantir a permanência do partido no poder;, destacou o relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, durante a leitura de seu relatório na sessão de ontem.
O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o surgimento do mensalão coincide com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao governo e com a busca da legenda por alianças com partidos que até então apoiavam o PSDB nos governos de Fernando Henrique Cardoso. ;O mensalão ficou conhecido como mensalão do PT porque foi supostamente organizado pelo governo do PT para compensar os partidos aliados pela votação coesa com o governo;, destaca Fleischer.

Congresso


Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), não há como desvincular o mensalão do PT. ;Foi um instrumento de compra de votos no Congresso a partir do Palácio do Planalto, na época do governo do PT. Inclusive com a participação do tesoureiro do PT (Delúbio) e do comandante da Casa Civil (Dirceu), que foi presidente do partido;, acusa o parlamentar.

Já o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), enfatiza que o mensalão nunca existiu e culpa a imprensa por relacionar o caso ao PT . ;Membros do PT não precisam receber dinheiro para votar. A mídia conservadora golpista é que criou esse vínculo. Tenho certeza de que todos os réus do PT vão ser absolvidos. Nenhum vai ser condenado. É uma farsa criada.;

Parlamentares do partido montam discurso para afastar apelido que ficou conhecido o esquema de compra de votos da base aliada

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