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Oposição desiste de atacar PT nas ruas para não politizar o julgamento

Paulo de Tarso Lyra
postado em 03/08/2012 08:06
As ruas desertas e o vazio na praça dos Três Poderes no primeiro dia de julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal expressaram a dificuldade que os partidos de oposição têm para mobilizar pessoas e protestar contra o governo federal. Eles reviveram um fantasma de 2005, quando, no auge do escândalo ; no dia em que o publicitário Duda Mendonça admitiu ter recebido dinheiro de caixa 2 na campanha presidencial de Lula em 2002 ; PSDB, DEM e PPS abandonaram a ideia do impeachment porque sabiam que não teriam força nas ruas para pressionar por uma votação de afastamento no Congresso.

Ontem, os presidentes dos três partidos desconversaram e admitiram que ninguém vai ;bater bumbo; nem fazer manifestações públicas de rua para pressionar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento do mensalão. Mesmo depois de o ex-presidente Fernando Henrique divulgar dois vídeos ressaltando a importância do evento e o PSDB distribuir material lembrando que esse era o mensalão do PT, nenhuma liderança expressiva dos partidos inflamou o país. ;Se nós criticamos a CUT por querer usar dinheiro público para defender mensaleiros, não poderíamos fazer isso, mesmo sem usar dinheiro público;, declarou ao Correio o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).



Para Guerra, a ausência de pressões nas ruas não significa que os partidos de oposição ao governo federal estejam desprezando os efeitos que o julgamento do mensalão poderá causar no PT. ;Toda vez que o assunto aparecer na televisão, nos jornais ou nas conversas, as pessoas vão lembrar que esse escândalo de corrupção aconteceu no governo do ex-presidente Lula;, prosseguiu.

[SAIBAMAIS]O tucano estava em São Paulo para acompanhar o primeiro debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo. Ele garantiu que José Serra também não pretende privilegiar esse tema durante a campanha municipal para não dar visibilidade a um candidato ; Fernando Haddad, do PT ; ainda pouco conhecido pelo eleitorado. ;Vamos mostrar as propostas de nossos candidatos para as cidades brasileiras;, completou o presidente do PSDB.



O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), demonstrou surpresa ao ouvir o questionamento sobre as razões pelas quais a oposição não promoveu passeatas ou carreatas ao longo do dia de ontem. ;Essa pergunta é séria mesmo? Não vamos politizar essa questão, porque isso é tudo o que o PT quer. Seria uma atitude pouco inteligente da nossa parte pressionar sobre um assunto que é da competência do STF;, completou Agripino. Para ele, o noticiário jornalístico servirá para pressionar os petistas ao longo do processo que se desenrolará no Supremo. ;Todos têm em mente que esse é um assunto que precisa ser resolvido o mais rapidamente possível;, completou o senador.

Já o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirmou que o julgamento em si é a maior prova da maturidade das instituições democráticas brasileiras. ;Agora não dá para os petistas dizerem que não existiu o mensalão nem o Lula dizer que tudo é uma farsa. O assunto virou uma ação penal no Supremo e o julgamento começou ontem;, declarou ele, completando que espera as sentenças, ;condenando ou absolvendo, para derrubar as convicções de que os poderosos podem tudo neste país;.

Freire acrescentou não ver muito sentido em ruas repletas de manifestantes dizendo que confiam no Supremo. ;Por que os petistas não fazem manifestações também? Alegam que querem um julgamento técnico? Mentira, é porque sabem que não há como sair às ruas para defender corruptos;, afirmou. No Twitter, o silêncio dos oposicionistas não foi diferente. Coube aos petistas colocar o tema do mensalão entre os tópicos mais comentados do dia. As duas hashtags usadas por defensores dos 38 réus no processo ; #ConfioNoSTF e #BrasilConfiaNoSTF ; ficaram entre o terceiro e o quinto lugares no ranking de temas mais tuitados ao longo da tarde.

As mensagens acusavam acusavam a imprensa, o procurador-geral, desqualificavam ministros que se opuseram ao desmembramento da ação penal e aproveitavam para divulgar, por meio de um link, um vídeo de protesto contra a ;farsa do mensalão;.

O trauma de 2005 faz com que eles diminuam, constrangidos, a voz, ao lembrar do momento em que tiveram a chance de propor o impeachment de Lula por caixa dois e não o fizeram. ;Eu reconheço que houve um excesso de cautela de nossa parte naquele instante;, diz Agripino.

Colaborou Renata Mariz

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