postado em 09/08/2012 08:15
Os advogados dos réus do chamado núcleo financeiro do mensalão sustentaram ontem versões semelhantes e desqualificaram as acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF). Primeiro a falar, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, representante do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, apontou contradições nas alegações finais do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e responsabilizou uma única testemunha pela inclusão de Salgado no rol de réus do mensalão.Bastos acusou Carlos Godinho, ex-funcionário ;de terceiro escalão; do Banco Rural, de ter prestado falso testemunho. Segundo o advogado, Godinho lançava mão de uma política extremamente agressiva em entrevistas e depoimentos. ;Para tentar escapar dos riscos que ele imaginava correr pela sua atuação, saiu para a agressão. Foram 30 testemunhas de acusação. Nenhuma citou José Roberto Salgado. Só esse Carlos Godinho, que lançou intrigas e fofocas;, frisou o ex-ministro.
A defesa acrescentou que Salgado atuava na área internacional do Banco Rural, tendo assumido a vice-presidência da instituição somente em meados de 2004, após a morte de José Augusto Dumont, e que, portanto, não teve qualquer responsabilidade sobre a concessão e a renovação de supostos empréstimos ilegais. Bastos apontou ainda que a denúncia fez 21 referências ao antecessor, mas em nenhuma apontou ;qualquer referência individualizada; a Salgado.
Márcio Thomaz Bastos classificou a acusação de ;construção mental; e se dirigiu aos 11 ministros do Supremo para pedir ;duplo cuidado; para julgar os réus, já que o julgamento se dá em instância única. Ele se referia ao pedido que fez na semana passada para que o caso fosse desmembrado a fim de que os acusados sem foro privilegiado fossem julgados pela Justiça de primeiro grau.
Representando a ex-vice-presidente do Banco Rural Ayanna Tenório, o advogado Antônio Mariz de Oliveira argumentou que nenhuma prova foi apresentada contra ela pelo MPF. O defensor também culpou Godinho por contar inverdades. ;Ela está sendo responsabilizada pelo organograma. É a responsabilidade de papel, não é a responsabilidade de conduta;, afirmou. Segundo ele, a ré não participava da gestão do setor financeiro do banco. ;Nenhuma conduta é imputada a Ayanna, nenhum fato.;
O advogado do ex-diretor do Banco Rural Vinícius Samarane, Maurício Campos, destacou que o Banco Rural não causou prejuízo a nenhum correntista e lembrou que o réu só virou diretor em abril de 2004, depois da concessão dos empréstimos questionados pela PGR. ;As operações tão criticadas foram tratadas por José Augusto Dumont, não irresponsavelmente, como quer dizer a acusação.;