postado em 14/08/2012 07:09
Petistas defenderam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticaram a acusação do advogado do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) no Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Francisco Barbosa, de que Lula ;ordenou; o mensalão e sabia de todo o suposto esquema de pagamento de mesada no Congresso em troca de apoio político. A avaliação é de que a defesa do presidente do PTB está tentando criar um factoide diante do julgamento no STF sobre algo que nunca existiu. Parlamentas do PT negam a existência do mensalão, ressaltam que Jefferson já teve o mandato cassado na Câmara e atribuem os pagamentos feitos a parlamentares, no começo do governo Lula, a caixa dois de campanha eleitoral.;É uma defesa desqualificada. É mais desespero porque ele percebeu que não tinha provas. Aliás, até hoje, o próprio Roberto Jefferson havia colocado que o Lula não tinha nada a ver com a história;, afirma o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto. Segundo ele, o objetivo da defesa é levantar quem já está morto politicamente. ;É mais uma trairagem do Jefferson, que, com medo de perder o partido, começou a atacar todo mundo;, diz Tatto.
Caixa dois
O presidente do PT no Distrito Federal, deputado Roberto Policarpo, classificou as denúncias feitas pela defesa de Jefferson como factoides. ;Se existe alguma coisa, quem tem de ser condenado é ele. Ele foi cassado na Câmara e, sabendo que vai ser condenado no Supremo, fica querendo criar factoide. Tanto é que ele acusa o tempo todo sem provar nada;, afirma. Para o deputado, o que existiu no começo do primeiro mandato do ex-presidente Lula foram pagamentos de dinheiro não contabilizados de campanha política, prática mais conhecida como caixa dois.
A opinião é compartilhada pelo senador Wellington Dias (PT-PI). De acordo com o parlamentar, há uma clara tentativa de se politizar o processo e aproveitar o período eleitoral. ;Todas as declarações dadas pelo Roberto Jefferson isentavam o presidente Lula desde o início. Daqui para frente, não é de se estranhar mais nada;, diz. Dias avalia que a acusação é feita sem prova alguma, e que Lula foi eleito presidente do Brasil e trabalhou pelos interesses do país com o apoio dos parlamentares do Congresso, eleitos democraticamente. ;Lamentavelmente, alguém que conhece a lei sabe como isso (denúncia feita no plenário do STF) tem efeitos pirotécnicos;, critica.
Oposição no ataque
A crítica feita ontem pelo advogado do ex-deputado Roberto Jefferson, Luiz Francisco Barbosa, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de que ele errou ao não incluir o ex-presidente Lula na denúncia do mensalão, ganhou voz na oposição. A avaliação entre os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Alvaro Dias (PSDB-PR) é de que o petista tinha conhecimento a respeito do suposto esquema de pagamento de políticos em troca de apoio no Congresso.
;Era um fato visível à época e que foi ignorado por muitos. Não tenho nenhuma dúvida de que o presidente sabia de tudo e não tomou providência, o que configura prevaricação;, afirma Dias, líder tucano no Senado. Segundo ele, porém, a manifestação da defesa de Jefferson chega com atraso ao julgamento, apesar de haver razões para tal. ;Na CPI dos Correios, fiz votos em separado que incluíam o ex-presidente (no documento) e sugeriam o seu impeachment. Houve um equívoco histórico da oposição ao não tentar incluir o presidente Lula no processo;, avalia.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a acusação do advogado de Jefferson contra o ex-presidente Lula é ;da mais alta gravidade;, apesar de não considerá-la inédita. ;O próprio Roberto Jefferson já havia dito isso no auge do escândalo. Mas seria importante que a defesa e o próprio deputado apresentassem elementos materiais que indicam isso, que ligam o ex-presidente à autoria (do crime);, acredita.
De acordo com Randolfe, a Procuradoria Geral da República aponta elementos contundentes na denúncia oferecida ao Supremo de que existiu o mensalão no governo Lula. ;Acho pouco provável que o ex-presidente não soubesse disso. Eram muitas as autoridades que tinham conhecimento sobre o assunto;, avalia.