O ministro relator Joaquim Barbosa, o primeiro a ler o voto no julgamento do mensalão, afirmou aos demais ministros, nesta quinta-feira (16/8), que houve fraude na licitação que levou à contratação da SMP pela Câmara, então presidida por João Paulo Cunha na época do mensalão. ""Senhores ministros, vejam a natureza fraudulenta da licitação que levou à contratação da SMP",afirma.
O relator lembrou, ao ler o documento, dos R$ 50 mil sacados pela mulher de João Paulo Cunha nas negociações.
A sessão começou com a leitura do voto de Joaquim Barbosa, com quase 50 minutos de atraso e com bate-boca entre os ministros. Uma preliminar sucitada pelos réus Enivaldo Quadrado e breno Fischberg foi lida e logo rejeitada pelos ministros.
Barbosa e Ricardo Lewandowski discutiram sobre a ordem de leitura dos pontos a serem analisados. Barbosa afirmou que iria ler conforme a denúncia do Ministério Público, mas Lewandowski se opôs, já que se assim fosse feito o STF estaria tomando partido do que diz a promotoria e já iria supor que existiam núcleos do mensalão.
[SAIBAMAIS]Após a discussão, eles decidiram que cada um adotará a metodologia que preferir. "O homem é o estilo. O estilo é o homem", diz Ayres Britto, citando George Buffon, para encerrar o debate. Assim, Joaquim Barbosa lê seu voto e leitura do documento deve durar o dia todo.
O relator começou o voto pelo item três da denúncia, que envolve a contratação da SMP pela Câmara e o repasse de R$ 50 mil para João Paulo Cunha, então presidente da Câmara. "Não há dúvida de que o dinheiro não era do PT, nem de Delúbio Soares, mas da agência SMP que fez a campanha de João Paulo", diz relato. "A alegação de que João Paulo não tinha conhecimento de que os R$ 50 mil repassados não eram da SMP também não pode ser aceita", afirmou.