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Joaquim Barbosa estreia na presidência do STF com julgamento do mensalão

postado em 21/11/2012 07:12
Na véspera de tomar posse no cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa exercerá hoje, pela primeira vez, o comando do plenário durante o julgamento do processo do mensalão. Ele vai acumular nesta tarde as funções de relator da Ação Penal 470 e de presidente interino da Corte, na única sessão plenária prevista para esta semana. Em pauta, está a continuidade do cálculo das penas dos réus condenados por envolvimento com o esquema de compra de apoio parlamentar ocorrido no primeiro mandato do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No começo da sessão, três ministros devem se manifestar sobre a pena aplicada a Rogério Tolentino, ex-advogado do empresário Marcos Valério, que, por enquanto, já soma 5 anos e 3 meses de cadeia. Depois que Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Marco Aurélio votarem quanto à punição de Tolentino por lavagem, os ministros devem iniciar a dosimetria dos deputados, ex-parlamentares e assessores.

Os ministros não arriscaram a ordem dos réus que terão as penas calculadas hoje, uma vez que o relator, Joaquim Barbosa, pegou todos de surpresa na semana passada. Depois de anunciar que apreciaria inicialmente as penas dos réus do núcleo financeiro, ele iniciou a sessão do último dia 12 pela dosimetria dos condenados do núcleo político, como o ex-ministro José Dirceu, condenado a mais de 10 anos de prisão.

Um ministro ouvido pelo Correio acredita que Joaquim Barbosa apresentará hoje as penas ao deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. A expectativa é que, mesmo se analisarem a situação do petista, os ministros não avancem ainda no debate sobre a perda de mandato do parlamentar. A tendência é que a definição sobre a cassação imediata dos três deputados condenados no processo fique para o fim do julgamento. Também hoje é possível que o plenário trate das penas do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.

Diante das inovações levadas por Joaquim a plenário, Marco Aurélio não descarta uma nova inversão na sessão de hoje. ;Não sei como vai ser a sessão de amanhã (hoje). É uma surpresa. A gente vai ver, porque quando íamos tratar do núcleo financeiro, tivemos o núcleo político;, observou. O ministro disse esperar que ;reine a paz; enquanto Joaquim Barbosa estiver presidindo as sessões. ;Na presidência não há como a pessoa ser trepidante;, frisou.



[SAIBAMAIS]Iniciado no começo de agosto, o julgamento chega hoje à 47; sessão. Entre os 37 réus julgados, 25 foram condenados. Até a semana passada, o Supremo havia definido a dosimetria das penas de nove deles. Após a conclusão referente ao último réu do núcleo operacional, os ministros do Supremo terão de analisar a situação dos acusados de participação em esquema de corrupção na Câmara e no Banco do Brasil, e também daqueles deputados e assessores envolvidos na compra de apoio parlamentar.

No rol de condenados, estão congressistas e ex-parlamentares que eram filiados ao PP, ao PL (atual PR), ao PTB e ao PMDB na época do mensalão. Até o fim do mês, somente mais três sessões serão realizadas no Supremo. Diante do apertado calendário, é provável que o julgamento se estenda até dezembro.

Festa
O cerimonial do Supremo tinha recebido, até a noite de ontem, quase 1,2 mil confirmações de convidados que estarão na posse de amanhã. Uma novidade será a presença de um intérprete, que fará a tradução da solenidade para libras.

Outra definição da equipe de Joaquim Barbosa está relacionada ao tempo dos discursos do ministro Luiz Fux, do procurador-geral da República, Roberto Guegel, e do presidente da OAB, Ophir Cavalcante. As mensagens não deverão passar de 15 minutos.

"Não sei como vai ser a sessão de amanhã (hoje). É uma surpresa. A gente vai ver, porque quando íamos tratar do núcleo financeiro, tivemos o núcleo político"
Marco Aurélio Mello, ministro do STF

Os próximos da lista
Confira os condenados que começam a ter as penas estipuladas a partir de hoje e os crimes cometidos

João Paulo Cunha
Deputado federal do PT-SP: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato

Valdemar Costa Neto
Deputado do PR-SP: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Pedro Henry
deputado do PP-MT: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Roberto Jefferson
Presidente do PTB: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Pedro Corrêa
Ex-deputado do PP-PE: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

José Borba
Ex-deputado do PMDB-PR: corrupção passiva

Romeu Queiroz
Ex-deputado do PTB-MG: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Carlos Alberto Rodrigues
Ex-deputado do PL-RJ: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Henrique Pizzolato
Ex-diretor do Banco do Brasil: peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Jacinto Lamas
Ex-tesoureiro do PL: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

João Cláudio Genú
Ex-assessor do PP na Câmara: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

Enivaldo Quadrado
Ex-sócio da corretora Bônus-Banval: lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

Breno Fischberg
Ex-sócio da Bônus-Banval: lavagem de dinheiro

Emerson Palmieri
Ex-tesoureiro do PTB: corrupção passiva e lavagem de dinheiro

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