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"Fui bancário, nunca banqueiro", defende José Roberto Salgado

Gustavo Werneck/Estado de Minas
postado em 29/11/2012 07:36
José Roberto Salgado:

Dias de apreensão que prometem se tornar ainda mais tensos, embora com uma grande dose de esperança. Condenado a 16 anos e 8 meses de prisão, acusado de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e formação de quadrilha, o ex-vice-presidente operacional do Banco Rural e economista José Roberto Salgado, 52 anos, ainda acredita que possa haver uma revisão da pena por envolvimento no escândalo do mensalão. ;Estou assustado, mas acredito na Justiça divina e dos homens. Sou inocente, não fiz nada de errado e sempre tive um desempenho técnico na instituição em que trabalhei;, disse José Roberto ontem. Ele não falava com jornalistas havia sete anos, desde que o esquema veio a público.

[SAIBAMAIS]Aparentemente tranquilo, o economista alterna momentos de forte emoção, e chega às lágrimas, quando fala da sentença do Supremo Tribunal Federal (STF), com outros instantes de alegria, ao se referir aos pais, aos filhos e à fazenda em Curvelo (MG), onde cria gado. ;Não cabe a mim fazer qualquer julgamento a respeito da decisão dos ministros do Supremo. Na verdade, entreguei a minha situação a Deus;, afirmou. Ele disse que pensar na cadeia, na privação da liberdade, causa uma dor imensa, mas sabe que o pensamento vai continuar liberto. ;O problema maior;, lamenta, ;é que todos os fatos descritos no processo, dos quais sou acusado, ocorreram antes de abril de 2004, quando comecei a ocupar o cargo de vice-presidente de operações. Até então, atuava na área internacional do banco, trabalhando com câmbio;, defende-se.



Aposentado do Banco Rural desde novembro de 2010, José Roberto relata uma escalada de problemas na instituição ; morte de dirigentes, instabilidade do mercado financeiro e denúncia do mensalão, entre outros ;, que começou em fevereiro de 1998, com o acidente que vitimou, num desastre de helicóptero, a então presidente do banco, Júnia Rabello. Com a perda, a direção do banco foi ocupada pelo pai de Júnia, Sabino Rabello, o maior acionista, e as funções executivas ficaram a cargo de José Augusto Dumont. No entanto, Dumont morreu em abril de 2004 e Sabino, menos de um ano depois, em janeiro de 2005. ;Dessa forma, a filha do maior acionista do banco, Kátia Rabello, assumiu o cargo, decidida a profissionalizar a instituição. Eu fui para a vice-presidência de Operações e Ayanna Tenório, absolvida pelo STF, para a gestão administrativa. Fui bancário a vida inteira, nunca banqueiro.;

José Roberto explica que, de 2004 em diante, a situação ficou difícil e ele ficou ;apagando incêndio, principalmente porque o banco despencava de uma carteira de crédito de R$ 5 bilhões para R$ 500 milhões em decorrência da quebra do Banco Santos e da crise do mensalão;. Portanto, acrescenta, em um período de pouco mais de um ano, entre 2004 e as denúncias do mensalão, conta José Roberto, afora todas as complicações, ;ocorreu a crise do Banco Santos, que gerou instabilidade no mercado de pequenos e médios bancos;.

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