postado em 20/12/2012 08:01
No primeiro discurso que fez depois de ser acusado pelo empresário Marcos Valério de envolvimento no escândalo do mensalão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou adversários, sem citar nomes. Segundo ele, só existe uma possibilidade de derrubá-lo: trabalhando muito. ;Mas, se ficar um vagabundo em uma sala com ar condicionado falando mal de mim, vai perder;, discursou Lula, na posse da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na manhã de ontem. As declarações do ex-presidente foram objeto de comentário do antecessor Fernando Henrique Cardoso. Aos sindicalistas, Lula disse que os ataques que vem recebendo são de adversários que não aceitam sua liderança. ;O que mais machuca é o meu sucesso;, disse o ex-presidente, ressaltando que seus opositores não conseguiram visualizar o que foi feito nos oito anos de governo dele. Lula anunciou que em 2013 vai viajar pelo Brasil para ajudar a eleger políticos aliados. ;Ano que vem, para a alegria de muitos e a tristeza de outros, seguirei andando pelo país;.
Lula também voltou a atacar FHC, alegando que o ex-presidente torceu pelo fracasso de seu primeiro mandato para poder voltar ao poder depois. No Rio de Janeiro, em palestra na Associação Comercial, o tucano rebateu: ;O presidente Lula provavelmente está perturbado por outras razões;, ironizou FHC.
PGR vai investigar
Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou que, após terminar o julgamento do mensalão, vai aprofundar a análise do depoimento que Marcos Valério prestou em setembro. Gurgel informou que vai tomar as providências cabíveis, embora tenha criticado a demora do empresário para apresentar as informações. No depoimento, o publicitário ; condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo na Ação Penal 470 ; acusou Lula de autorizar os empréstimos que financiaram o mensalão e, também, de ter recebido dinheiro do esquema para pagar despesas pessoais.
;Temos que examinar o depoimento e isso ainda não foi feito em profundidade. Com muita frequência, Marcos Valério faz referência a declarações que ele considera bombásticas. Vamos ver o que existe no depoimento que possa motivar futuras investigações. Como sempre, nada deixará de ser investigado;, assegurou Gurgel. O procurador-geral acrescentou que não cabe à Procuradoria Geral da República investigar o ex-presidente Lula. ;Isso será encaminhado à Procuradoria da República de primeiro grau;, explicou Gurgel, uma vez que Lula não tem mais direito a foro privilegiado.