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Jornal espanhol destaca "silêncio democrático" de Lula e Dilma

El País analisa a simbologia do fato de dois políticos importantes não se intrometerem na decisão da Justiça, uma prova de que o país respeita a separação dos poderes

postado em 17/11/2013 11:17

Presidente Dilma e seu antecessor optaram por não comentar a prisão de personagens importantes do PT, ao contrário das expectativas da opinião pública

O jornal espanhol El País destacou o "silêncio democrático" da presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, o ex-presidente Lula Inácio da Silva, após a prisão de 11 dos 12 condenados do mensalão.


"O silêncio de dois políticos importantes no país reforça a convicção, por vezes perdida pelo público, que, no Brasil, se respeita a separação de poderes e que, mesmo nos momentos dolorosos como este, prevalece a defesa dos valores democráticos sobre os interesses do partido por mais forte e por mais que possa ferir", destacou o artigo .

A matéria procurou dar significado simbólico a essa falta de pronunciamento de Dilma e de Lula. Não deve ter sido fácil para eles, uma vez que foram presos personagens da vanguarda do Partido dos Trabalhadores (PT). José Dirceu e José Genoino são figuras emblemáticas no partido que está no poder há 11 anos.

O diário recordou que Dirceu era o homem forte do PT e foi ele o grande arquiteto da ascensão de Lula ao poder. Foi fundador do partido junto com Lula e ex-ministro-chefe da Casa Civil de Dilma, o mesmo cargo que ela ocupou antes se tornar chefe do Executivo. Genoino, que era o presidente do PT durante o escândalo do mensalão, também foi uma figura chave na formação política criada por Lula após a ditadura militar ainda é deputado federal.

O artigo lembrou que a expectativa da opinião pública era de uma reação crítica tanto de Lula quanto de Dilma à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) logo após a determinação da prisão imediata de 12 condenados entre os mais de 20 sentenciados no processo cujo julgamento terminou no fim de 2012. Também esperavam um gesto de solidariedade de ambos aos antigos colegas de partido que ainda se consideram ;presos políticos; e não ;políticos presos;.

Lula limitou-se a repetir a seu modo a célebre frase do papa Francisco ;Quem sou eu para julgar os homossexuais?;, dita durante sua visita ao país em julho. Ao sair de uma reunião no Palácio do Planalto logo após a decisão do STF, Lula quebrou temporariamente o slogan do silêncio ao responder aos questionamentos dos jornalistas com a seguinte frase: ;Quem sou eu para emitir qualquer juízo ou insinuação sobre a Corte Suprema?;. O jornal espanhol também recordou que a presidente Dilma, como é seu estilo, escolheu o silêncio no sentido literal e sequer postou qualquer coisa em sua conta no migroblog Twitter, muito ativa ultimamente.

Fuga de mensaleiro

A fuga do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, teve forte repercussão na imprensa internacional. O El País deu destaque ao fato na primeira página do diário. Jornais italianos estamparam em suas páginas o fato de condenado no julgamento do Mensalão estar livre e solto na Itália.

De acordo com as publicações, Pizzolato está no país europeu há mais de 40 dias. O executivo tem dupla cidadania, e, em carta dirigida a seu advogado, Marthius Sávio Lobato, afirmou que pretende ;solicitar um novo julgamento na Itália, ante um tribunal não submetido ao que é ditado pelos meios de comunicação;.

As autoridades brasileiras já entraram em contato com a Interpol.

Com informações da AFP

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