postado em 19/12/2013 06:01
A chegada dos condenados do mensalão ao Complexo Penitenciário da Papuda há pouco mais de um mês desencadeou focos de tensão no sistema prisional do Distrito Federal que já se alastram por vários andares do Tribunal de Justiça do DF, setores da Polícia Civil e da administração carcerária. A alegação contida na carta escrita por três juízes da Vara de Execuções Penais (VEP), apontando a possibilidade de rebelião na prisão onde estão os mensaleiros, é apenas a ponta visível de uma guerra silenciosa entre magistrados, agentes penitenciários e policiais militares. Na dúvida, os advogados dos réus do mensalão já se movimentam para transferir seus clientes antes do Natal.
Oficialmente, os pedidos de remoção assinados pelos juízes substitutos da VEP Bruno Ribeiro, Ângelo Oliveira e Mário José de Assis foram motivados por um clima de insegurança na Papuda. No entanto, conforme informações obtidas pelo Correio, por trás da solicitação para deixar a vara, está a relação conturbada dos três magistrados com o titular da VEP, Ademar Silva de Vasconcelos.
Tudo começou quando ele deixou de atuar na linha de frente do mensalão por ter desagradado ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao se recusar a cumprir algumas determinações e por ser considerado flexível em relação às demandas dos condenados, que teriam apoio também dos agentes carcerários. Uma delas foi ter permitido que eles recebessem visitas dos parentes às sexta-feiras, e não às quartas e quintas, como é para os demais detentos. Bruno Ribeiro suspendeu a regalia há duas semanas.
Após se alinharem a Barbosa, que isolou o titular, a relação dos substitutos com Vasconcelos ficou péssima desde então, a ponto de mal se cumprimentarem. Muito benquisto no tribunal e na magistratura, Vasconcelos virou alvo de processo administrativo na Corregedoria do Tribunal de Justiça do DF a pedido do Ministério Público para apurar sua conduta em relação aos presos do mensalão. Os três juízes acabaram desagradando também à classe da magistratura, que vive em pé de guerra com o presidente do STF pelos recorrentes ataques que ele faz à corporação.
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