A participação do público marcou o primeiro seminário da série Pensar Brasília. Aproveitando a oportunidade para apresentar opiniões e fazer questionamentos aos especialistas, os 150 presentes na plateia contribuíram para o debate. Em uma discussão marcada pela diversidade de opiniões, os participantes ofereceram um interessante contraponto à visão dos palestrantes.
A maioria das perguntas foi sobre a escolha do Governo do Distrito Federal em dar prioridade ao sistema de Bus Rapid Transit (BRT) em detrimento das outras opções existentes. Na opinião da maior parte dos participantes, o governo deveria concentrar esforços na implantação de veículos que circulam sobre trilhos, como o metrô, o VLT e o próprio trem de superfície.
O diretor-superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Marcelo Dourado, fez a primeira intervenção. Ele questionou a utilização de ônibus e acrescentou que os veículos sobre trilhos podem ser alternativa para o transporte público do Distrito Federal. ;Em minha opinião, o que pode salvar essa cidade não é o pneu, mas, sim, o trilho;, salientou.
Dourado aproveitou para salientar que o ônibus também é importante para um sistema de transporte público, mas, segundo ele, não pode ser a única opção. ;Por isso que estamos investindo na reativação da linha férrea que liga Brasília até Luziânia. Deve-se ter outro meio de transporte para o deslocamento da população do Entorno.;
O subsecretário de políticas de transporte, Luiz Fernando Messina, afirma que a multimodalidade é uma das características previstas no Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU). ;O documento também aborda a questão do trilho, tanto que temos uma expansão do metrô já programada e o VLT, que são prioridades do governo;, argumentou.
O representante do GDF também ressaltou que em longo prazo o governo entende a importância da ampliação da malha ferroviária do Distrito Federal. ;Esses mesmos corredores nos quais hoje circulam BRTs podem ser adaptados amanhã para que se tenham trilhos. Tudo depende da circunstância;, disse Messina.
Aldo Paviani, professor da Universidade de Brasília (UnB), e Otávio Cunha, presidente da diretoria executiva da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), também defenderam a utilização integrada de diferentes meios de transporte. O acadêmico concordou que os investimentos em ferrovias no Brasil foram pequenos nos últimos anos. ;O Brasil pensou muito pouco em estradas de ferro;, resumiu.
Sustentabilidade
Em sua participação, o advogado André Lima questionou como o programa implementado pelo GDF lida com a questão ambiental. O participante perguntou se dentro do novo sistema de transporte público de Brasília a redução da emissão de gases tinha sido contemplada. Messina confirmou que a nova frota ; que vai substituir 80% dos ônibus em circulação na cidade ; atende às exigências internacionais. ;Os ônibus que vão operar nos corredores já estão adequados ao padrão euro 5 (com baixa emissão de poluentes).;
O subsecretário também lembrou que o incentivo ao uso de transportes não motorizados também está na agenda do modelo proposto pelo GDF. ;Entendemos que a bicicleta é um modal de integração importante. Todos os terminais de integração terão bicicletários públicos para que as pessoas se sintam motivadas a usar esse meio.;