postado em 24/09/2012 12:11
Notebooks, smartphones, videogames e tablets fazem parte do cotidiano de crianças e adolescentes. Antes usados apenas para o entretenimento, esses recursos invadiram as salas de aula e promovem uma revolução no ensino. Enquanto livros e caderno perdem espaço para dispositivos digitais, diretores, professores e alunos tentam se adaptar à nova realidade.Desde o começo do ano, algumas escolas particulares do Distrito Federal inseriram os tablets nas salas de aula. O equipamento é capaz de substituir cadernos e livros, além de oferecer recursos multimídias que expandem os limites da aula. Reações químicas, quadros renascentistas, fenômenos físicos e biológicos podem ser vistos em vídeos e animações.
Os educadores que coordenam o projeto afirmam, no entanto, que o tablet está na moda porque é o dispositivo mais atual. No entanto, os especialistas dizem que o conceito do uso da tecnologia envolve uma série de novas possibilidades de ensino. Para eles, a internet mudou a forma como os alunos se comportam em sala e esse fenômeno alterou as relações tradicionais que antes se desenvolviam entre os muros da escola.
José Leão, diretor de uma escola de Ensino Médio da Asa Sul, entende que o impacto da web 3.0 ; nova configuração da internet que permite mais interatividade ; é muito maior do que o dos equipamentos. ;Essa nova rede ensinou a uma geração de estudantes que eles não são mais meros consumidores de conhecimento, mas também produtores. Essa nova configuração vai dar um xeque-mate no sistema tradicional;, opina.
Nova mentalidade
O educador acredita que as instituições de ensino devem mudar o comportamento para acompanhar a nova revolução. ;As escolas precisam adquirir uma mentalidade tecnológica. Os professores também. Eles precisam entender que não possuem mais o monopólio do conhecimento, agora são mais um elo em uma extensa rede de produção de informações, dentro de um grupo de debates;, enfatiza Leão.
Eli Cavalcanti, responsável pedagógico do projeto de tablets de um grande colégio do Distrito Federal, afirma que o aprendizado dos estudantes melhorou com a incorporação da tecnologia. ;Os alunos se adaptaram muito rápido, pois é uma ferramenta muito próxima deles. O aproveitamento é muito grande na área do conhecimento científico e isso aumentou muito o desempenho dos alunos;, comenta.
O responsável técnico pelo projeto, Rogério Moraes aponta que as novas tecnologias expandem o horizonte do ensino. ;A interatividade desses aparelhos melhora o desempenho do aluno, porque ele é capaz de visualizar coisas abstratas. Dessa forma, o professor pode explorar outros caminhos de aprendizado, muito mais atraentes e intuitivos;, coloca. Outra vantagem do uso da tecnologia nas escolas, segundo os especialistas, é associação do ensino com ferramentas que, normalmente, são usadas pelos estudantes para o lazer. Eli Cavalcanti ressalta que essa pode ser uma importante conquista. ;A escola precisa de alguma forma mostrar aos alunos que o conhecimento não está restrito ao espaço escolar, as discussões têm que transbordar os muros das instituições de ensino.;
Lições diferentes
A tecnologia também tem o poder de mudar a forma como as aulas acontecem. O modelo no qual o professor é o único que fala e tudo acontece de acordo com um plano pré-definido pode acabar. ;A aula não é mais linear, Entre o começo e o final, os alunos participam e mudam o rumo da discussão agregando informações disponibilizadas na rede;, conta Leão.
Dentro de uma sala de aula totalmente informatizada, o professor de Sociologia Leandro Grass salienta que a tecnologia muda o comportamento dos alunos. ;Eles se tornam mais proativos e se motivam muito mais. A metodologia da aula ficou completamente alterada. Melhoram professores e alunos;, atesta.
A estudante do 1; ano do Ensino Médio Taís de Campos, 15 anos, afirma que a tecnologia mudou e melhorou algumas coisas dentro da escola. ;Facilita muito mais a interação com os professores, até podemos fazer alguns trabalhos em casa e mandar pela internet. Com certeza, a aula ficou menos entediante.; A colega Ana Victória, 15, diz que a incorporação das ferramentas tecnológicas no dia a dia mudou sua postura como aluna. ;Hoje eu sinto que sou muito mais independente. Para aprender as coisas, eu procuro, com a orientação dos professores.;
Aluna de outro colégio, Daniele Azevedo, 15 anos, é uma entusiasta dos tablets. Mesmo reconhecendo uma dificuldade inicial, a jovem diz que hoje é muito mais fácil aprender porque o conteúdo é mais visual e mais detalhado. Para o futuro, ela acha que a tecnologia vai revolucionar as escolas. ;Com o tempo, acho que a gente não vai nem mais precisar vir para a sala de aula. A gente vai aprender de casa, o computador vai substituir os professores.;
Ligado em tecnologia, o colega Hugo Albuquerque, 15 anos, comenta que os tablets ajudaram muito nas matérias de exatas e pede mais inovações para os próximos anos. ;Acredito que devemos ter a inserção do 3D, pois ele tornaria tudo mais intuitivo, mais visível em matérias como química e física por conta do sentimento de profundidade. Imagina ver uma molécula em três dimensões;, pede o empolgado estudante.
Para saber mais
E no futuro?
Se hoje os tablets sãos as vedetes das escolas, quais inovações tecnológicas podem invadir as salas de aula. Rogério Moraes aposta no uso de sensores de movimento. Para ele, com esses equipamentos, seria possível aos alunos executarem experiências arriscadas em laboratórios. ;Com essa tecnologia, eles podem manipular os compostos químicos à distância e em segurança. Dessa forma, as aulas ganhariam muito.;
José Leão acredita que as novas tecnologias vão mudar substancialmente a forma de se ensinar. ;À medida que as escolas ganhem maturidade tecnológica, é possível pensar que a internet e outros equipamentos vão fazer com que o conteúdo seja ofertado para os alunos antes das aulas presenciais. Esses encontros não seriam mais diários;, coloca.