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Secretário de Educação defende maior número de creches e uso de tecnologia

postado em 01/10/2012 16:36
A criação de novas faculdades, embrião da Universidade do Distrito Federal, e a instalação de 16 escolas técnicas são algumas das metas da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Além dessas medidas, segundo o secretário Denilson Bento da Costa, o governo pretende construir 200 creches até 2014. Para ampliar o número de alunos atendidos pelo ensino integral, hoje limitado a 5% do total, serão firmados convênios com outras pastas para o uso de teatros e vilas olímpicas. Abaixo, os principais temas tratados na entrevista:

Ensino integral
Por um problema de estrutura, podemos oferecer a educação em tempo integral a uma pequena quantidade de alunos, que permanecem mais tempo, almoçam e lancham na escola. O grande desafio é estendê-lo a todos os estudantes. A verdade é que a maioria das unidades não possui instalações físicas adequadas, com quadras poliesportivas cobertas, refeitórios, espaços para oficinas pedagógicas e depósitos de alimento e material. Por isso, oferecemos esse benefício a uma pequena parte dos alunos. Não é um problema exclusivo do Distrito Federal; se estende a outras unidades da Federação. O único problema para se instalar a escola em tempo integral é criar o ambiente adequado.

O governo decidiu que cada aluno deverá ficar 10 horas na escola. Para enfrentar esse desafio, estamos construindo e reformando escolas, adequando-as às necessidades desse tipo de ensino. Nas três unidades novas entregues recentemente, os estudantes já permanecem, no mínimo, sete horas. Como pretendemos superar a questão da infraestrutura, uma vez que não é viável reformar as 652 escolas? Por meio do uso de instalações mantidas por outras áreas do GDF. Podemos levar meninos e meninas, no turno reverso, para as vilas olímpicas para realizar atividades desportivas, recreativas e pedagógicas. Necessitamos monitores e vamos firmar um convênio com a Secretaria de Esportes para emprego dos centros de iniciação desportivas. Aí teremos condições para atender todos os alunos.

É um início importante. O ensino em tempo integral realmente oferece um diferencial. Os alunos que passam três horas a mais na escola apresentam um desempenho superior não só nos estudos, mas também em termos de integração. Isso é reconhecido pelas famílias, principalmente em territórios onde há vulnerabilidade social. São muitos os pedidos, mas só podemos atender 28.350 dos 540 mil alunos da Rede Pública.

Outra parceria importante será com a Secretaria de Cultura. Podemos usar os espaços culturais da cidade. Já conversei com o secretário Hamilton (Hamilton Pereira da Silva, secretário de Cultura) para usar os espaços do Teatro Nacional para oficinas. Providencio os ônibus e, durante dois ou rês dias da semana, levo as crianças da periferia para lá.

Condições das escolas
Do ano passado para cá, investimos R$ 120 milhões na reforma e construção de novas escolas. Isso é insuficiente diante das necessidades. Precisamos de R$ 900 milhões para deixar todas as unidades em perfeitas condições de utilização. Em conjunto com o governo federal, com recursos do PAC 2, conseguimos quase R$ 400 milhões na proposta orçamentária, suficiente para 100 escolas. No momento, tocamos 30 projetos, entre prédios novos e reformas, provavelmente, somos a secretaria que mais obras realiza. É a maior prioridade do governo. Os desafios são imensos. Durante dez anos, nada se fez. Há unidades provisórias, construídas para durarem três anos, que estão em uso há 22 anos. Hoje, isso não é possível. É necessário que a obra definitiva esteja prevista no orçamento do ano seguinte.

Conectividade
A introdução de novas tecnologias, a criação de uma rede lógica, a internet e a compra de computadores para as escolas são prioridades. Quando assumimos, não havia um projeto nesta área. Criamos a Subsecretaria de Modernização, Tecnologia e Informática, que já tem 50 projetos nessa área. São medidas imprescindíveis para que planejemos as ações de nossa pasta a partir de dados concretos e atuais.

Em parceria com o governo federal, pretendemos distribuir tablets para alunos do ensino médio e para os professores. Brasília terá um projeto piloto a partir do ano que vem. Para isso vamos modificar o conteúdo curricular, para que os alunos possam usufruir todos os benefícios dessa tecnologia.

Hoje, as escolas recebem uma ajuda por meio do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) e contratam empresas locais para executar pequenos trabalhos de manutenção em seus computadores. O governo liberou R$ 40 milhões nessa rubrica, que também atende serviços como conserto de torneiras, pinturas. No próximo ano, chegaremos a R$ 100 milhões.

Também implantamos o diário de classe eletrônico, diminuindo a carga de trabalho dos professores. Não havia sentido manter aquela documentação enorme. Criamos o PDE Interativo, uma ferramenta que permite monitorar em tempo real os problemas de cada unidade, como a falta de um professor e as necessidades da merenda escolar, e vamos poder disponibilizar em breve o total de matrículas para o próximo ano. Anteriormente, isso só era oferecido no início do ano letivo.

Reforma curricular
Iremos modificar o currículo a partir de sugestões vindas da base. Ao longo de 2011, a partir de reuniões plenárias, seminários e oficinas realizados nas regionais, estudamos propostas para reformular o ensino médio, que serão implantadas a partir de 2013, levando em conta, inclusive, as regionalidades. Conforme constatações obtidas pelo Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) para o ensino médio, que não atingiu as metas estabelecidas, é preciso enxugar a grade curricular. Não podemos oferecer ao aluno de uma expansão o mesmo conteúdo de outro que mora no Lago Sul.

Combate à repetência

Há uma cultura de que o aluno precisa ser reprovado para aprender. De que professor bom é aquele que reprova. Qual é verdade disso? A reprovação é característica de um sistema de ensino que precisa ser melhorado. Hoje, temos 89 mil jovens que apresentam uma defasagem de dois a três em relação a sua série. Precisamos de um projeto pedagógico para formar professores capazes de ajudar esses jovens para superarem suas dificuldades. O que fizemos? Criamos um programa, que funciona dentro da escola, para treinar docentes que atuam em turmas específicas para alunos com dificuldades.

Universidade Distrital
Hoje já existe a Escola Superior de Ciências da Saúde. Além disse, estamos formatando uma proposta, que vai ser anunciada pelo governador Agnelo Queiroz, para a transformação da Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais de Educação (EAPE) em uma Faculdade de Educação. Será um dos embriões da Universidade Distrital. Ela terá um grande impacto na rede pública, por meio de uma maior oferta de cursos de capacitação para professores, principalmente em áreas onde temos carência. Devemos incorporar no futuro a Escola de Música, que possui instalações físicas para servir de base para uma faculdade de artes, e, por meio de uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública, uma faculdade específica para segurança urbana. Também está prevista uma faculdade de educação física a partir do Centro de Iniciação Esportiva (antigo CIEE). O conjunto dessas faculdades formará a Universidade Distrital.

Ensino profissionalizante

Vamos construir quatro escolas técnicas para integrar o ensino profissionalizante ao nível médio. Acredito que, até o mês de outubro, as obras estejam em fase de licitação. O governo federal, por sua vez, irá instalar outras 12, que já receberam áreas para instalação. A ideia é adequá-las às potencialidades de cada cidade. Brazlândia, por exemplo, pode receber uma unidade preparada para o ensino agrícola.

Creches
O Estado é obrigado a universalizar o atendimento a crianças entre 4 e 5 anos e há uma demanda reprimida muito grande. Atualmente, por meio de entidades conveniadas, atendemos quase 9 mil alunos. Em três unidades próprias, abrigamos 1.300 crianças. Até 2014, vamos atender toda a população prevista. Em algumas áreas, como Brazlândia e Taguatinga, conseguimos cobrir toda a procura. O grande desafio é atender a demanda de zero a 3 anos, onde existe um déficit em todo o país. Começamos agora com a construção de 31 unidades e pretendemos chegar a 200 até 2014.

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