postado em 11/10/2012 06:44
Investir em planejamento urbano, construir habitações populares, expandir a cidade de forma planejada, readequar o desenho da área urbana e desconcentrar os postos de trabalho. Esses foram os principais pontos discutidos na terceira edição do seminário Pensar Brasília, iniciativa dos Diários Associados realizada ontem no Auditório Hipólito José da Costa, no Correio Braziliense.
Para debater sobre o tema Qualidade de vida ; moradia/habitação, o evento reuniu cerca de 160 representantes do governo, de empresas e de universidades a fim de apontar possíveis soluções para os problemas locais. O secretário de Habitação, Geraldo Magela; o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Benny Schvarsberg; e Roberto Converti, arquiteto argentino especialista em intervenções urbanísticas, participaram dos trabalhos. O seminário durou quatro horas.
Durante a abertura do evento, o diretor de Comercialização e Marketing do Correio, Paulo Cesar Marques, ressaltou a importância do Pensar Brasília para o futuro. ;O projeto visa discutir o desenvolvimento da capital e debater os rumos nas áreas de moradia e habitação. As discussões envolvem o governo, os setores empresariais e os próprios leitores;, explicou. O editor executivo do jornal, Carlos Alexandre, mediou o debate. Na plateia, estavam presentes autoridades locais, como o presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Júlio Miragaya.
[SAIBAMAIS]O primeiro convidado a se dirigir ao público foi o secretário Magela. Ele apontou as diretrizes do GDF no setor e afirmou que a verticalização é o modelo adotado pelo governo. A política pública consiste na construção de pequenos prédios residenciais no lugar de casas unifamiliares. ;Brasília tem a cultura da casa para só uma família. Queremos mudar isso e vamos passar a oferecer um apartamento no lugar do lote. Dessa forma, é possível resolver o problema de mais pessoas;, defendeu.
O secretário de Habitação também explicou o novo sistema de credenciamento para moradia. As principais alterações são o cadastramento on-line, o acesso universal à classificação e a validade de três anos. ;Instituímos um processo mais justo e transparente para resolver o problema do deficit habitacional.; Magela comentou sobre a regularização de importantes áreas da capital, principalmente o programa Regularizou, é Seu. ;Só entregaremos moradias com a escritura pronta. Não terá mais aquela história de se mudar e só receber a documentação 15 anos depois;, concluiu.
Integração
O arquiteto Roberto Converti ofereceu uma visão globalizada do crescimento populacional. Ele afirmou que o adensamento das cidades não é uma preocupação exclusiva de Brasília, mas de várias capitais mundiais. Salientou que os setores públicos e a sociedade devem mudar a maneira de habitar os centros urbanos e pensar em maneiras sustentáveis. O ex-diretor da Subsecretaria de Planejamento Urbano de Buenos Aires mostrou que algumas localidades sofrem com conglomerados urbanos enormes e de difícil solução. Citou os casos de Tóquio, Cidade do México, Delhi, Nova York e São Paulo.
O argentino destacou que contingentes populacionais exigem a formação de centros comerciais, a construção de estruturas para eventos, o desenvolvimento de pontos turísticos e de lazer, a preparação para manifestações populares e inúmeras mudanças no sistema de transportes. ;O problema é que as pessoas começam a ocupar os espaços públicos, seja com comércio ou casas improvisadas. Por isso, um bom planejamento das cidades precisa integrar a comunidade e promover a vida social ativa;, alerta.
O doutor em Sociologia Urbana Benny Schvarsberg apontou que o principal desafio da capital do Brasil é articular políticas de integração entre o Plano Piloto, as 31 regiões administrativas do DF e o Entorno. O professor da UnB informa que é preciso desenvolver uma gestão metropolitana, capaz de garantir serviço público de qualidade, inclusão social e crescimento sustentável. ;Precisamos implementar políticas públicas que qualifiquem as áreas fora do espaço tombado;, expõe.
Público
Quem participou do Pensar Brasília aproveitou a oportunidade para questionar os palestrantes sobre a questão da habitação. A maior parte das perguntas foram para o secretário Magela. O representante do GDF aproveitou para esclarecer dúvidas sobres novas áreas habitacionais. ;Esses adensamentos populacionais têm a previsão de gerar empregos para o atendimento dos moradores;, respondeu. Ao ser perguntado sobre a retirada do centro administrativo do Plano Piloto, o professor Schvarsberg afirmou que a medida vai de encontro à diretriz de desconcentração de oportunidades, mas fez ressalvas. ;A ideia é boa, mas precisa ser feita de forma planejada;, defendeu.