Pensar Brasilia

Em debate, especialistas defendem a importância do planejamento urbano

postado em 14/10/2012 12:00
Depois de décadas sem um planejamento habitacional eficiente, o Distrito Federal enfrenta desafios para desenvolver a área metropolitana e romper com a ocupação desenfreada e irregular. Os problemas e as soluções para a urbanização da capital federal foram os temas do seminário Penar Brasília Qualidade de vida ; habitação e moradia, que ocorreu na última quarta-feira, no auditório Hipólito José da Costa, na sede do Correio Braziliense, com a presença de 160 pessoas.

O arquiteto argentino Roberto Converti, o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Benny Schvarsberg e o secretário de Habitação, Geraldo Magela, foram os convidados da terceira edição do seminário Pensar Brasília. Ao abrir as discussões, o diretor de Comercialização e Marketing do Correio, Paulo Cesar Marques, ressaltou a importância de se discutir as tendências para o futuro da cidade com o governo local, as entidades empresariais, a sociedade civil e a academia.

Magela deu início às apresentações e destacou o principal objetivo da política habitacional do GDF: acabar com a falta de moradias na capital. O secretário confirmou a importância da ação estatal no planejamento urbano diante do crescimento avançado das cidades do Entorno e da ocupação desordenada e ilegal do território. ;Sofremos com a ausência de uma política durante o tempo em que o governo fugiu dessa responsabilidade, lotes foram distribuídos sem critério e sem documentação. Mas, nos últimos oito anos, diminuiu a distribuição de terrenos;, defende.

Além de articular o programa nacional Minha Casa, Minha Vida com o regional Morar Bem, a nova política de habitação baseia-se nos adensamento urbano e na verticalização, que rompe com a cultura da residência unifamiliar. Em outra palavras, mais prédios e menos casas térreas. A ideia é criar novos bairros, aproveitando os espaços vazios que são passíveis de ocupação. ;Não faremos doações de lote e não vamos entregar nada nas regiões sem infraestrutura e serviços básicos, como escolas e transporte público. Trocaremos as casas por prédios de quatro andares.;

Visão global
O arquiteto argentino Roberto Converti ofereceu uma visão mais globalizada do crescimento populacional. Ele afirmou que o adensamento das cidades não é uma preocupação exclusiva de Brasília, mas de várias capitais do mundo e que tanto os setores públicos quanto a sociedade devem mudar a maneira de entender e habitar os centros urbanos. O ex-diretor da Subsecretaria de Planejamento Urbano de Buenos Aires mostrou que algumas cidades do mundo possuem conglomerados urbanos enormes. Ele citou os casos de Tóquio, que possui 34 milhões de habitantes, da Cidade do México e de Délhi, com 23 milhões; de Nova York (22 milhões) e de São Paulo, que também chega à impressionante cifra de mais de 20 milhões.

Converti destacou que o grande contingente populacional exige a formação de centros comerciais, a construção de grandes estruturas para eventos, o desenvolvimento de pontos turísticos e de lazer, a preparação para manifestações populares e inúmeras mudanças no sistema de transportes. E alerta: ;O problema é que as pessoas começam a ocupar os espaços públicos, seja com comércio ou casas improvisadas. Por isso, um bom planejamento das cidades precisa integrar a comunidade e promover a vida social ativa;, disse.

Benny Schvarsberg, arquiteto e doutor em sociologia urbana, questionou se houve um desenvolvimento planejado após a publicação do projeto original de Brasília. A trajetória de 50 anos culminou na dispersão urbana horizontal e na ideia de anel sanitário, que isolou o Plano Piloto. ;Os problemas crônicos da área central tombada são o congestionamento, o altíssimo valor da terra e a concentração dos melhores empregos, serviços, comércio, equipamentos e qualidades urbanísticas;, critica. Segundo o professor da UnB, existe uma perversa segregação no DF, que precisa ser invertida. O arquiteto reafirmou que é necessário qualificar as áreas metropolitanas e explorar espaços ociosos.

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