Pensar Brasilia

Presidente da Fibra diz que é preciso novos locais para empreendimentos

postado em 02/12/2012 15:26


Nascido em Luziânia (GO), Antônio Rocha (56) veio para Brasília aos 4 anos de idade. Sua carreira profissional começou aos 19 anos, quando se tornou representante de fabricantes de produtos eletroeletrônicos. Em 1996 elegeu-se diretor secretário da instituição que hoje dirige. Passando por vários governos, preside a Federação das Indústrias do DF há 12 anos. Uma de suas missões é aumentar a capacidade produtiva da capital do país em meio a um contexto local espinhoso. Falta mão de obra qualificada, e há pouco espaço para empreendimentos. Brasília não foi planejada para ter indústria, só que a realidade agora é outra. Com 2,5 milhões de habitantes, o Distrito Federal é hoje quase que totalmente dependente do setor de serviços e é sufocada pelo atraente funcionalismo público.

Receita para crescer
Na verdade, Brasília foi planejada para ter 600 mil habitantes. Só que a realidade é outra. Temos 2,5 milhões de habitantes e aí é necessário rever esse conceito e aumentar a capacidade produtiva da cidade. A solução passa pela instalação de indústrias. É o que vai gerar riqueza e oportunidade de empregos. Não tem outra saída. O planejamento industrial tem que ser prioridade do governo porque não acontece da noite para o dia. É um processo que leva no mínimo cinco, seis anos para ser implantado. Então ele tem que começar urgentemente.

[SAIBAMAIS]Atratividade
Brasília é muito atrativa, porque tem mercado, é a capital da República, e nela estão os Poderes federais e as representações internacionais. Enfim, é uma cidade que tem o que o empresário quer: mercado. O que precisamos é a definição de regras seguras para trazer investidores para o DF.

Obstáculos
Faltam políticas claras, marcos regulatórios bem definidos. O empresário quer segurança jurídica, regras bastante claras, porque são investimentos em longo prazo. O zoneamento urbano não é claro, principalmente nas cidades-satélites. A indústria não quer terreno. Hoje, as empresas não querem imobilizar recursos em construções, elas preferem alugar, estabelecer parcerias, a investir muito em edificações, mas é preciso que se conserve as áreas de desenvolvimento nas cidades-satélites. Nós já perdemos muitas áreas para o governo federal.

Brasília nasceu planejada e com o tempo ela foi desplanejada. Precisa de um novo ordenamento, em que se definam espaços de desenvolvimento econômico com clareza. Eu creio que com essas ações seria fácil atrair as empresas. E Brasília é a bola da vez. Brasília está no centro do Brasil e pode ser um centro de distribuição para todo o país e até internacional.

Mercado jovem
A gente tem que criar uma alternativa para o jovem, porque nem todo mundo vai ter esse acesso. A gente vê hoje que um concurso é mais disputado que qualquer vaga na universidade. Se a gente tem uma qualidade de empresas, a tendência é que o nível salarial vai sempre melhorar. Vão buscar sempre pagar melhor esses talentos para retê-los nessas empresas.

Governo federal

O fundo constitucional gera uma dependência. E eu creio que o caminho é o Distrito Federal buscar a sua autossustentação financeira. Só tem um caminho: você estimular a produção, o comércio, os serviços, a indústria, a iniciativa privada. Na medida em que você estimula a produção, você melhora a sua arrecadação, melhora o seu orçamento.

Dever de casa
A gente ter as regras claras, seguras; mostrar a capacidade que a cidade tem de consumir a produção dessa empresa; a infraestrutura necessária para a indústria se instalar. E uma política de desenvolvimento industrial associada às vocações da cidade.

Responsabilidades

O governo, em Brasília, é o ator mais importante, porque a terra é pública. Em Brasília, todos os espaços físicos disponíveis são públicos. Então, o governo tem que estar consciente é preciso que haver um programa firme, competitivo de atração industrial.

Não se faz desenvolvimento sem as empresas, mas por outro lado o dono da terra é o governo. Então tem que haver uma sinergia perfeita.

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