Rio mais 20

Uma semana antes da Rio ; 20 artigo avalia política de conservação brasileira

postado em 09/06/2012 10:21
A partir da próxima quarta-feira, o Brasil enfrentará uma prova de fogo. O país finalmente cumprirá a tarefa de sediar, presidir e ser uma das principais vozes da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio%2b20, que deve estabelecer parâmetros para o desenvolvimento aliado à preservação ambiental para, pelo menos, as próximas duas décadas. Em um artigo publicado na edição desta semana da renomada revista científica Nature, analistas avaliam os prós e contras da política ambiental brasileira, que fazem com que, segundo os autores do texto, o país envie mensagens contraditórias ao mundo.

;A política de meio ambiente brasileira é esquizofrênica;, avalia Fabio Scarano, vice-presidente sênior para as Américas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e um dos autores do comentário. Na visão dele, se em algumas áreas o país adota medidas altamente benéficas para o meio ambiente, por outro lado ainda bota em prática atitudes tidas pelos conservacionistas como antiambientais. ;Há uma agricultura de baixo carbono que é exemplo internacional. Por outro lado, a recente reforma do Código Florestal vai totalmente contra os interesses ambientais nacionais;, afirma.

O artigo, que mereceu chamada de capa na Nature, traz outros exemplos. Embora seja um dos países que mais utilizam biocombustíveis e energia renovável, o Brasil apresenta níveis altos de poluição das águas. E, enquanto o índice de desmatamento da Floresta Amazônica ; a maior do mundo ; vem caindo ano a ano, áreas de proteção ambiental, especialmente na Região Norte, são reduzidas para a construção de empreendimentos no setor de transporte e eletricidade. ;Esse caráter duplo das políticas ambientais nacionais é fruto principalmente da falta de visão sistêmica e integrada das políticas públicas. Esse é um problema histórico do país;, afirma Scarano.

Algo semelhante ocorre nas políticas de proteção das florestas. No primeiro ano do governo Dilma, não foi criada nenhuma área de proteção. Pelo contrário, algumas foram até reduzidas. Ao mesmo tempo, a Presidência incorporou critérios de sustentabilidade nas compras públicas. Agora, para ser adquirido pelo governo, um produto não deve apenas ter um preço mais baixo, mas também ser sustentável.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação