Rio mais 20

FHC reconhece maior conscientização sobre desenvolvimento sustentável

postado em 18/06/2012 17:49
Rio de Janeiro ; Na contramão das críticas sobre avanços tímidos na implementação de metas de desenvolvimento sustentável nos últimos 20 anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) disse, nesta segunda-feira (18/6), que é possível apontar mudanças significativas nestas duas décadas. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio;20, FHC apontou que a evolução desses temas esteve concentrada na sociedade civil e em ações de alguns nichos do setor privado.

;Houve um aumento enorme da consciência na sociedade que, hoje, atua mais. Mas esse ritmo não foi acompanhado por compromissos de governos;, disse. Segundo ele, conceitos como desenvolvimento sustentável, igualdade e justiça estão sempre incluídos em debates atuais sobre o crescimento das nações. "Mas precisamos nos comprometer com objetivos específicos;.

As declarações foram dadas durante uma exposição sobre a expectativa do grupo The Elders, criado em 2007 por Nelson Mandela e que, hoje, reúne personalidades como a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e a ex-primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland. O grupo de anciãos sempre se debruça sobre temas globais.

Durante a apresentação dessas expectativas, o ex-presidente brasileiro reconheceu que, em negociações como as que ocorrem durante a Rio;20, envolvendo interesses de vários países, é comum haver pressão e dificuldade em encontrar consensos. FHC ainda acrescentou que o momento de crise econômica vivido por alguns países acirra ainda mais os impasses, principalmente sobre questões que envolvem definição de recursos financeiros e metas específicas.

Exemplo de alvo desse impasse é o destino que a proposta da criação de um fundo para o cumprimento de metas de desenvolvimento sustentável pode tomar. A proposta, defendida pelo governo brasileiro, prevê recursos na ordem de US$ 30 bilhões. Mas esse ponto não foi incluído no texto preliminar que reúne questões convergentes entre as delegações. ;Não há dinheiro, mas um fundo como esse não é para esse momento. É uma proposta permanente e um sinal de que os países dão atenção ao tema;, disse.



A poucas horas do prazo final estimado para a conclusão do texto da Rio;20 que será examinado por 115 chefes de Estado e de Governo, nos próximos dias 20 a 22, FHC ainda ressaltou que é preciso encontrar consenso em relação a propostas, como a reafirmação das responsabilidades comuns, mas diferenciadas entre os países.

;Essa questão é ponto de partida de tudo. Espera-se, por exemplo, que países com desenvolvimento relativo, como o Brasil, a Índia e a China participem e é natural que participem mais. Mas entendo que há certas restrições em colocar dados muito claros para que não sejam pressionados pelos [países] mais desenvolvidos a fazer o que os [países] mais desenvolvidos não fizeram;.

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