Rio de Janeiro - A presidente Dilma Rousseff destacou nesta quinta-feira (21/6), durante discurso no fórum O Que as Mulheres Querem, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio%2b20, que o governo brasileiro vem fazendo esforços para assegurar os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, como o planejamento familiar. A presidenta, no entanto, não comentou especificamente a exclusão do assunto no documento final que os chefes de Estado e de Governo vão assinar ao fim da conferência no Rio de Janeiro.
;Aqui, a palavra-chave para todos é acesso, sobretudo das mulheres. No Brasil, estamos investindo para superar dificuldades e precariedades no acesso aos serviços públicos de saúde, com pleno exercício dos direito sexuais e reprodutivos, inclusive o planejamento familiar, a gestação, o parto e o puerpério, com assistência de qualidade;, disse no fórum, promovido pela Organização das Nações Unidas - Mulheres (ONU Mulheres).
Ao fim do pronunciamento da presidente brasileira, algumas participantes levantaram faixas lembrando o tema, que foi abordado nos discursos de outras líderes que participaram do encontro. Entre elas, a ex-primeira ministra da Irlanda Mary Robinson, que lamentou o fato de a defesa dos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres não ser abordada de ;forma clara; no documento final.
;É uma pena que nesse documento não haja uma referência tão clara sobre isso. As mulheres vão ficar cientes disso;, disse, acrescentando que ficou satisfeita com vários elementos do texto que, segundo ela, foi fruto dos esforços das mulheres envolvidas. ;Apoio e sempre vou apoiar o trabalho da ONU Mulheres. Não deve haver um retrocesso em princípios fundamentais porque fazer isso seria um sinal que não é necessário para as mulheres do mundo hoje;, completou.
Durante o fórum, Dilma elogiou os esforços da ex-presidente do Chile e atual diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, por ter conseguido ;tirar um documento entre todos os países representados;. Ela enfatizou a importância do exercício do multilateralismo como forma de relação entre povos, nações e governos.
;Até recentemente havia a prática do bilateralismo e de posições hegemônicas. Exercer o multilateralismo implica levar em consideração posições diversas das minhas ou de cada um de nós. Avanço é quando temos um padrão mínimo construído por consenso;, ressaltou.
A presidente foi aplaudida pelos participantes do encontro quando defendeu que a expansão da participação das mulheres no mercado de trabalho deve ser acompanhada pelo correspondente engajamento dos homens nas tarefas domésticas, que configura ;um trabalho invisível, mas que precisa ser compartilhado e reconhecido, inclusive como contribuição para a economia e as contas públicas;.
Michelle Bachelet encerrou o evento ressaltando que as mulheres enfrentam diferentes condições nos variados países, mas enfatizou que é preciso que um novo paradigma seja construído, com a participação das mulheres, em prol do desenvolvimento sustentável.
;As mulheres devem ser parte disso, o planeta não vai suportar sem um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, focado no desenvolvimento central das pessoas, com suas diversidades, e na erradicação da pobreza e de todo o tipo de desigualdade humana;, destacou
Ao fim do evento, um grupo de participantes se manifestou com palavras de ordem, dizendo: ;O direito das mulheres deve ser universal;.