Ser Sustentável

Risco de racionamento de água serve de alerta para fechar as torneiras

Segundo especialista, algumas pessoas esperam a situação crítica chegar para tomar alguma atitude preventiva

postado em 22/03/2014 10:20

Crianças do Projeto Água, em Petrópolis: agentes da natureza preocupados com o futuro do planeta

Muito provavelmente, você já leu ou escutou em algum lugar que o Brasil é um país privilegiado, pois tem a maior reserva de água doce do mundo ; 13,7%. Este território também abriga o maior rio em extensão e volume: o imponente Amazonas. Junte a isso chuvas abundantes em diversas regiões e consideráveis redes fluviais e o brasileiro pode ficar tranquilo quanto aos recursos hídricos, certo? Bom, deveria ser esse o caso, mas uma série de fatores tem comprometido a água nacional e já se sabe que metrópoles como São Paulo correm sérios riscos de racionamento.


Descaso na produção agrícola, crescimento urbano desordenado e dificuldades para distribuir a água são alguns dos obstáculos que o país terá de superar nos próximos anos. ;Grande parte da população brasileira mora nas cidades. Enquanto isso, o nível de tratamento de esgoto nesses lugares ainda é muito baixo. Temos um sistema vulnerável;, alerta Glauco Kimura, coordenador do programa Água para a Vida, do WWF Brasil. O especialista em recursos hídricos lembra também que as mudanças climáticas devem ser levadas em conta: ;Períodos de grandes secas colocam vidas em risco. Precisamos urgentemente de planejamento adequado, de políticas preventivas. O problema é que algumas pessoas esperam que a água falte nas torneiras para agir;.

Uma das tentativas do governo federal de minimizar a escassez no Brasil é a transposição do rio São Francisco. Espera-se que o projeto ofereça água para cerca de 12 milhões de habitantes de 390 municípios do agreste e do sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Mas a demora nas obras, que contam com um investimento de R$ 8,2 bilhões, tem provocado incertezas.

José Alves, 52 anos, agricultor, mora na cidade cearense de Itapipoca. Para ele, a transposição do Velho Chico sem políticas ambientais adequadas é um equívoco. ;Reciclo a água da chuva. Tento me adaptar por meio de práticas sustentáveis. Mas nem todos agem dessa maneira. Antes de pensar grande, acho que deveríamos pensar em pequenas atitudes.; (Leia mais na página 13.)

Perspectivas

Há um consenso de que a água disponível no território brasileiro é suficiente para as demandas do país. Todavia, a complexa logística de distribuição dos recursos hídricos faz com que algumas regiões dependam mais das chuvas para abastecer reservatórios. Proteger nascentes, revitalizar sistemas de abastecimento e combater o desperdício são algumas medidas que ajudariam a diminuir o impacto ambiental em cidades que se mostram vulneráveis. A juventude, pelo menos, parece disposta a contribuir com a causa.


Sediado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, o Projeto Água procura conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação. Com programas voltados para questões do meio ambiente, a iniciativa tem como um dos objetivos acompanhar o desenvolvimento das crianças. ;Levamos os pequenos para a nossa fazenda ecológica, onde tudo é feito de maneira sustentável. Assim, mostramos desde cedo que é possível consumir água sem prejudicar o planeta;, conta Tania Maltez, coordenadora da iniciativa. Na fazenda do projeto, os guris recebem um crachá de identificação. A plaquinha mostra: agente da natureza.


Tania percebe que os jovens se preocupam mais em buscar soluções. ;Eles chegam em casa e pedem para os adultos economizarem. Eis as sementes de conscientização que plantamos. Isso me enche de esperança.;

Águas brasileiras

- A Amazônia abriga as mais extensas florestas alagadas do planeta;
- No Brasil, a agricultura consome 70% da água; as indústrias, 20%; e as residências, 10%;
- Em São Paulo, 70% da poluição das águas são de origem doméstica, enquanto 30% têm origem industrial.
Fonte: WWF Brasil

Saiba mais

WWF Brasil
www.wwf.org.br
Projeto Água
www.projetoagua.org.br

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