O maior evento de futebol do mundo trará milhares de visitantes às cidades sedes, incluindo Brasília. E com o aumento de pessoas na rua, cresce também a quantidade de lixo produzido, mas o que poderia ser um fator ruim é transformado em esperança de melhorias para os catadores de lixo do Distrito Federal, responsáveis pela coleta de materiais recicláveis dentro do Estádio Nacional Mané Garrincha no período da Copa.
Serão 70 catadores revezando os períodos de trabalho enquanto o estádio estiver sob o comando da Fifa. A escolha dos trabalhadores foi feita pela Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop). Entre eles está Aline Sousa, que é catadora há mais de 10 anos, apesar de ter apenas 24. Segundo ela, o evento é uma oportunidade para consolidar a importância das cooperativas na coleta de resíduos. “Lutamos para conquistar nosso espaço. Eventos grandes como esse são a chance para mostrarmos a necessidade do nosso trabalho.”
E não será pouco serviço. A estimativa é que sejam coletadas até 400 toneladas só de materiais recicláveis durante o torneio, segundo dados da Coca-Cola Brasil, empresa responsável pela contratação e pelo treinamento dessas equipes nas arenas. A cada jogo, o esperado é de 35 a 40 toneladas de lixo retornável.
Segundo Aline, os profissionais estão preparados. “No ano passado, fomos os responsáveis pela coleta dentro do estádio na Copa das Confederações e quase não tivemos problemas.” A experiência foi aprovada também pelos organizadores. “Avaliamos a experiência realizada no torneio anterior de forma bastante positiva e resolvemos levar a ação para as 12 cidades sedes. A participação deles foi fundamental para o resultado”, comenta Victor Bicca, diretor de Assuntos Governamentais, Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil.
Este ano, os catadores selecionados tiveram um novo treinamento, com carga horária de quatro horas. Nas aulas, eles aprenderam como manusear os equipamentos que serão utilizados durante o Mundial, foram treinados também sobre a dinâmica de trabalho dentro do estádio, além de terem recebido informações sobre segurança e questões comportamentais.
Triagem
Para que o lixo tenha o destino adequado, serão instaladas cerca de 300 lixeiras de cores diferentes nos estádios. As verdes são destinadas ao material reciclável, como garrafas PET, papéis e papelão. Já os materiais orgânicos deverão ser jogados nas lixeiras cinzas. Além disso, os catadores estarão uniformizados e podem indicar em qual lata deve ser descartado o resíduo, caso os visitantes tenham dúvidas.
No próprio estádio, os trabalhadores farão o trabalho de triagem, dividindo os resíduos de acordo com os materiais de que são feitos. Após essa separação, eles serão enviados para as diversas cooperativas que fazem parte da Centcoop e, então, destinados para a venda e a reciclagem.
O evento servirá, inclusive, como forma de consolidar a Política Nacional de Resíduos Sólidos no DF, como explica Aline. “Parte da população estará nos estádios, e lá poderá aprender como separar corretamente o lixo. Assim, eles podem levar a lição para casa também.”
Além da ajuda dos catadores, as novas lixeiras, chamadas de coletores, contarão com sinalização e serão feitas campanhas de conscientização com a participação do mascote Fuleco. “A gestão de resíduos sólidos deve ser um dos legados dessa Copa”, afirma Bicca.
Fora da área
Dentro dos estádios, a coleta de materiais será realizada pela Fifa, mas, nas proximidades e nos demais locais públicos, a responsabilidade do lixo continua nas mãos das empresas que normalmente fazem o trabalho. No caso do DF, o SLU. Apesar do aumento do movimento, o diretor técnico
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