Nova York - A Cúpula do Clima, que ocorre nesta terça-feira (23/9) na sede das Nações Unidas (ONU) em Nova York, com chefes de Estado, de governo e representantes de 125 países, foi convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, como um chamado ao "engajamento internacional" - em prol da preservação ambiental e da redução dos efeitos das mudanças climáticas. Internamente, ele tenta pressionar os países a ter compromisso com o tema, principalmente, pela necessidade de um consenso quanto ao acordo político pendente sobre o clima - que deverá ser votado no ano que vem.
"A mudança climática é a questão crucial de nossa era. Está definindo nosso presente. Nossa resposta definirá nosso futuro", afirmou Ban no discurso de abertura da reunião em Nova York, onde são esperados anúncios de compromissos que facilitem a conclusão de um acordo na conferência internacional de 2015 em Paris.
"Peço a todos os governos a comprometer-se em um acordo universal e significativo sobre o clima em Paris em 2015, e a cumprir com sua parte justa para limitar o aumento da temperatura global a dois graus Celsius", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas.
Durante a reunião, que acontece na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU, alguns presidentes já discursaram a respeito do assunto. Dilma Rousseff defendeu a ação do Brasil para enfrentar o aquecimento global e exigiu trabalho para evitar que os pobres continuem pagando o maior preço dos desastres naturais provocados pelo fenômeno.
"O Brasil não anuncia promessas, mostra resultados. Reduzimos a pobreza e protegemos o meio ambiente", afirmou Dilma. Como exemplo, a presidente brasileira indicou que "nos últimos anos o desmatamento no Brasil caiu 79%" e que o país está cumprindo com o compromisso de uma redução de entre 36 e 39% das emissões de gases do efeito estufa até 2020.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou as "potências poluentes" de quererem se aproveitar do aquecimento global, do qual seriam responsáveis, para aplicar sua fórmula capitalista. "Querem disfarçar as mesmas fórmulas capitalistas tomando as bandeiras dos movimentos ambientalistas", afirmou.
"Os 20% países mais ricos do capitalismo consomem 84% da energia do mundo", recordou, antes de citar uma "perigo iminente de colapso climático". O presidente boliviano Evo Morales, que falou em nome do G77, afirmou que as nações desenvolvidas "devem tomar a iniciativa", em consequência de sua "responsabilidade histórica" no aquecimento global.
Muitos cientistas afirmam que, com os níveis de emissões de gases que provocam o efeito estufa, as temperaturas terão aumentado ao final do século XXI em mais de quatro graus na comparação com a era pré-industrial.
Caso um acordo seja assinado em Paris, este entraria em vigor apenas em 2020. Ativistas consideram a reunião em Nova York um ponto de inflexão na luta contra o aquecimento global. No domingo, quase 600.000 pessoas saíram às ruas em várias cidades do mundo.
Em Nova York, a passeata reuniu 310.000 manifestantes. O ator Leonardo Leonardo Di Caprio, designado pela ONU como mensageiro da paz contra o aquecimento global, participou na manifestação em Nova York e esta presente na abertura da reunião.
"Como um ator, eu finjo para viver. Eu interpreto personagens fictícios, muitas vezes resolvendo problemas fictícios", disse.
"Eu acredito que a humanidade tem olhado para a mudança do clima da mesma maneira, como se fosse ficção", completou.
A ONU prevê três sessões plenárias paralelas. Ban Ki-moon fará um resumo ao final do dia com os resultados obtidos, que serão adicionados às próximas reuniões, em dezembro em Lima e depois em Paris.
Mobilização
Mas a batalha para chegar a um acordo internacional está longe do fim. China e Índia, que são ao lado dos Estados Unidos os maiores emissores de gases do efeito estufa, não enviaram seus principais líderes ao encontro e estarão representados apenas por um vice-primeiro-ministro, Zhang Gaoli, no caso de Pequim, e do ministro do Meio Ambiente, no caso indiano.
Pequim e Nova Délhi resistem a reduzir as emissões porque não aceitam desacelerar o crescimento e insistem que os países mais ricos devem pagar a maior parcela da conta.
Antes da reunião, a secretária para o clima da ONU, Christiana Figueres, disse não esperar que muitos países apresentassem metas com números, mas destacou a presença de todos os atores importantes: governos, municípios, empresas, grupos financeiros e ONGs.
"Devemos trabalhar para mobilizar dinheiro e mobilizar os mercados. Vamos investir nas soluções climáticas disponíveis. Precisamos de todas as instituições financeiras públicas para este desafio. E precisamos trazer o setor financeiro privado", disse Ban Ki-moon.
Quase 250 presidentes de empresas participam na reunião de Nova York, que parte com a vantagem, segundo a ONU, de evitar os erros de Copenhague-2009, onde os chefes de Estado e de Governo chegaram apenas no último momento.
Com contribuições da Agência Brasil