Ser Sustentável

Desequilíbrio mundial

Estudo divulgado esta semana por ONGs ambientalistas mostra que diversidade animal caiu até 52%. América Latina sofre a pior crise de biodiversidade de sua história

postado em 01/10/2014 19:33
Divulgado esta semana, o Relatório Planeta Vivo revelou dados preocupantes sobre a preservação de espécies animais no planeta. A diversidade de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminui 52% em todo o mundo desde 1970. A redução de populações animais significa dizer que elas estão ficando cada vez menores e que, no futuro, podem chegar à extinção completa.

O documento, publicado a cada dois anos, produzido pela WWF, pelo Global Footprint Network e pelo Living Conservation de Londres aponta que o alerta máximo é na América Latina. De acordo com o levantamento, a região alcançou a taxa de 83% de completa extinção de espécies nas últimas quatro décadas. Interpretando o dado fornecido, as instituições chegaram à conclusão de que esta é a maior crise de biodiversidade que a parte sul do continente americano já vivenciou.

Para explicar o aumento da destruição da diversidade animal, o biólogo e superintendente de políticas públicas do WWF-Brasil, Jean-François Timmers, analisa que o aumento da pegada ecológica gera uma consequente diminuição na saúde dos ecossistemas. E mais grave do que o aumento da população humana no mundo -- hoje, estima-se que esteja por volta dos 7 bilhões de habitantes -- é o aumento do consumo de cada cidadão. ;A classe média é quem tem o poder aquisitivo para gastar dinheiro, além do que ela precisa para a sobrevivência básica. Cada compra de carro, aparelhos de tecnologia entre outros aumenta os níveis de carbono na atmosfera;.

Jean-François ainda explica que a economia em ascensão é um problema já que o crescimento não acontece de forma sustentável. ;Nós pescamos mais peixes do que os rios e mares tem capacidade de nos oferecer, nós desmatamos mais do que a quantidade de árvores que a floresta tem condições de repor. É uma conta que não fecha;.

Além do crescimento econômico socioambiental desenfreado, o biólogo defende que é preciso voltar as atenções para os países que dependem da exportação de bens primários para sustentar a economia. ;É desta forma que as nações persistem em destruir a própria natureza e vender para outros países o resultado do desmatamento e do descontrole excessivo da produção.;

Para ele, o relatório é fundamental para apresentar dados e indicadores importantes para pautar ações e estratégias a nível mundial e regional, como no caso da América Latina. Para frear o impacto negativo do homem na natureza, o pesquisador lembra que a sociedade está cada vez mais consciente de que é preciso associar crescimento econômico ao bom manejo e respeito ao meio ambiente. Timmers acredita que países como o Brasil, que nos últimos anos apresentou taxas menores de desmatamento da Amazônia, deveriam encabeçar movimentos de luta pela sustentabilidade global. ;Nós tivemos um dos melhores índices de conservação de mata nativa, mas não basta ficar nos números. É importante que atitudes maiores sejam tomadas.;

Dilma e a Cúpula do Clima

Apesar da importância do Brasil no cenário mundial, Timmers comenta a recusa brasileira em assinar a Declaração de Nova York sobre Florestas, apresentada durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas, na última semana. ;Ainda há o medo de não conseguir aliar desenvolvimento e sustentabilidade. O Brasil acha que seria ilegal acabar completamente com o desmatamento dentro dos próximos anos. Apesar disso, esperamos que o país assine o documento em 2015, no encontro em Paris;, espera o biólogo.

Saiba Mais

A pegada ecológica é uma maneira de contar ambientalmente a pressão do consumo dos humanos sobre os recursos naturais. Ela permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica, e sustentável do planeta. A pegada é medida em hectares globais, e a unidade significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas em um ano.

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