postado em 31/10/2014 12:07
A exploração desmedida pelo homem da floresta mais biodiversa do hemisfério sul do planeta é tão grave que estudiosos afirmam que recuperação pode não ser mais possível. É o que afirma pesquisa divulgada ontem em São Paulo.O material, encomendado por ONGs ambientalistas coordenadas pela Articulação Regional Amazônica (ARA), mostra que com 20% da floresta desmatada e outros 20% degradados, a floresta já não é mais capaz de fazer seu papel de regulador do clima da América do Sul. Isso estaria prejudicando uma das principais ações do ecossistema, que é bombear umidade do oceano para o interior do continente o que causa, segundo o estudo, desregulação do regime de chuvas. "Chuvas dentro do bioma e também num polígono ao sul do continente, a leste dos Andes, podem não chegar com a mesma regularidade, prejudicando a dinâmica natural da região", disse o responsável pelo estudo, Antônio Nobre, durante entrevista coletiva.
Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e responsável pelo estudo, Nobre afirma que a única forma de reverter o cenário atual é parar o desmatamento, mas também iniciar um amplo processo de reflorestamento. "A seca que o sudeste vive hoje já pode ser resultado da destruição da Amazônia".
Sobre a interação entre a floresta e o clima, a pesquisa avalia que a degradação florestal -- os trechos de vegetação que já perderam boa parte de suas árvores e sua biodiversidade, que corresponde a 40% da floresta -- pode ter chegado ao ponto de virada no qual a floresta não é mais capaz de garantir a própria umidade. "A gente já está chegando nesse ;tipping point;, e a capacidade de compensação do sistema não está mais aguentando", diz Nobre.
O relatório, intitulado "O Futuro Climático da Amazônia", é um apanhado de 200 estudos sobre o cenário de pesquisa na área e cita trabalhos mais atualizados do que os apresentados no último relatório do Painel do Clima da ONU (IPCC), que não previa problemas tão graves na região.
Confira no link o relatório completo.