Rosane Garcia
postado em 10/06/2013 14:59
Na última década, o país conseguiu avanços sociais e econômicos antes inimagináveis, que beneficiaram segmentos da sociedade, até então, esquecidos por todas as esferas do poder público. O olhar governamental para o campo redesenha o perfil do Brasil rural. Entre todas as ações, destacam-se as voltadas para a eliminação da fome, que se tornaram modelo para nações em diferentes graus de desenvolvimento.Mas há questões históricas que foram ignoradas ou receberam pouquíssima atenção do Estado. Reforma agrária, meio ambiente e povos indígenas ficaram à margem da pauta governamental. As mudanças no Código Florestal pioraram as regras de convivência entre o econômico e o patrimônio natural. Prevaleceu o ímpeto predador da bancada do atraso. A fatura será paga pela atual e pela futura geração.
A reforma agrária voltou à pauta dos setores organizados do meio rural. Na última década, foram inexpressivas as intervenções na arcaica estrutura fundiária brasileira. Quem apostou em mudanças ficou frustrado frente à indiferença do poder à demanda dos trabalhadores rurais por terra.
Entre todas, a questão indígena foi mais negligenciada pelo governo federal. Hoje, no Congresso Nacional, tramitam projetos ; subscritos por integrantes da bancada alinhada ao Executivo ; que eliminam ou reduzem os direitos ou escancaram as terras das comunidades tribais a interferências perniciosas dos interesses econômicos.
Pior: o Executivo admite abrir mão da prerrogativa constitucional de definir e delimitar as terras indígenas. Quer dividir essa responsabilidade com setores oponentes aos primeiros ocupantes das florestas.
O episódio de Mato Grosso do Sul, com um saldo de um terena morto e 14 feridos, não surpreendeu, mas foi grave advertência. Não é à toa que o crack avança nas áreas indígenas, as DST e a Aids envenenam diferentes grupos e o suicídio dizima comunidades importantes. A indiferença se tornou parceira da segregação.