Steve Jobs

Jobs semeou o futuro, que prevê lançamentos nos próximos quatro anos

postado em 08/10/2011 08:53
Superorganizado, Steve preparou atualizações do iPhone e do iPad e, muito provavelmente, novos produtos que tendem a revolucionar o mercado
Os fãs da Apple podem ficar sossegados. Antes de deixar definitivamente a companhia, no fim de agosto, Steve Jobs organizou um plano de lançamentos para os próximos quatro anos. A previsão inclui atualizações dos consagrados iPod, iPhone e iPad e, provavelmente, novos produtos. O planejamento, aliado ao DNA inovador que Jobs implantou em sua equipe, mantém a Apple em posição confortável em relação aos concorrentes. Resta saber se os executivos que agora comandam a empresa terão o mesmo tino do cofundador para sacudir o mercado na hora certa.

Embora seja difícil prever como a Apple vai se sair sem seu mentor, analistas ouvidos pelo Correio apostam que a companhia manterá o bom desempenho, pelo menos, no curto prazo. ;Algumas fabricantes podem pensar em tirar proveito (da morte de Jobs), mas os próximos dois anos já estão decididos;, afirma Carolina Milanesi, vice-presidente de pesquisa da consultoria Gartner. Assim, a Apple deve permanecer como líder no setor de tablets. Segundo estimativas do banco JP Morgan, a empresa da maçã será responsável por mais de 70% das unidades vendidas até o fim do ano.

Outro produto que deve continuar abocanhando consumidores é o iPhone. O celular inteligente não domina o mercado ; comandado pelo Android, do Google, que está presente em mais de 40% dos aparelhos ;, mas tem um usuário extremamente fiel. ;A Apple sempre se preocupou em criar equipamentos surpreendentes. Ela não vende produtos, mas experiências;, comenta Bruno Freitas, analista da Consultoria IDC. Carolina Milanesi acredita que as vendas serão impulsionadas por conta do barateamento do smartphone nos Estados Unidos. Por lá, a quarta versão teve queda de US$ 100 no preço, enquanto o iPhone 3G está saindo de graça com planos de fidelidade em operadoras de telefonia.

Para os especialistas, a longo prazo, o desempenho da Apple dependerá do feeling do CEO Tim Cook e de seus colegas de equipe. É possível que Jobs tenha deixado novos projetos na gaveta, mas isso não garante o sucesso desses produtos. ;Todo mundo sempre pensa em coisas inovadoras, mas é preciso lançá-las no momento adequado;, lembra Eduardo Tude, presidente da Consultoria Teleco. A própria Apple já cometeu erros ao longo de sua história. O mais recente fracasso foi o Ping, uma espécie de rede social que permitiria aos usuários conhecer as preferências musicais de seus amigos. O serviço foi lançado em setembro do ano passado, mas, até agora, permanece esquecido.

Em outros momentos, porém, o faro de Steve Jobs foi essencial para garantir o brilhantismo da Apple. Antes de lançar o iPhone, em 2007, o executivo havia pedido a criação de um protótipo de tablet. Mas, à época, decidiu que era melhor investir em um telefone. O iPad só veio no ano passado. ;Certamente, a Apple tem muitos conceitos em fase de testes e aperfeiçoamento. Isso faz parte do desenvolvimento natural das grandes companhias;, afirma o analista Bruno Freitas. ;Mas tudo o que ela colocar no mercado será avaliado com lupa, pois há uma grande expectativa de inovação;, ressalta.

Dedicação
A preocupação do empresário com o futuro de sua cria fez com que ele continuasse envolvido em projetos da Apple durante o tratamento do câncer. Segundo reportagem do jornal britânico Daily Mail, o visionário teve participação ativa no desenvolvimento do iCloud, o serviço de computação em nuvem da companhia, lançado em junho. Na época, ele já estava de licença, embora permanecesse como CEO e presidente do conselho diretor. Ainda em junho, Jobs teria participado de uma reunião para definir a nova sede da Apple. O edifício, localizado próximo ao atual, em Cupertino, na Califórnia, deve abrigar os 12 mil funcionários da empresa em uma ampla área.

A mudança física não é a única pela qual a companhia deve passar nos próximos meses. Com a morte do fundador, a Apple precisa definir um novo presidente para seu conselho. Jobs acumulava essa e a função executiva, mas o mesmo não deve acontecer com Tim Cook, que o substituiu no cargo de CEO. ;O conselho precisa ser expandido. Eles precisam buscar novos talentos independentes, pessoas que não tenham vivido à sombra de Steve;, afirma Jim Post, professor de governança empresarial na Boston University.

Peter Misek, analista da consultoria Jefferies & Co, concorda que os conselheiros da Apple devem procurar um diretor independente. ;Cook já tem deveres demais a assumir;, constata. A companhia não revela quando deverá escolher o novo ocupante do cargo. Agências internacionais afirmaram que o corpo de Jobs, morto na última quarta-feira, teria sido velado ontem, em uma cerimônia discreta para amigos e familiares.

Legado para os filhos
Walter Isaacson, autor da única biografia autorizada de Steve Jobs, afirmou que o cofundador da Apple queria deixar o livro como uma lembrança para seus filhos. ;Eu nem sempre estava lá para eles. Eu quis que eles soubessem o porquê e que entendessem o que eu fiz;, disse Jobs, em uma de suas últimas entrevistas. A publicação teve a data de lançamento antecipada. Deverá chegar às lojas norte-americanas em 24 de outubro.


Homenagem americana
Enquanto o futuro da Apple permanece uma incógnita, milhares de fãs de Steve Jobs continuam a fazer homenagens ao visionário em todo o mundo. Em Cupertino, na Califórnia, as instalações da companhia mais parecem a residência de um pop star, com flores, cartas e uma porção de maçãs ; em referência à marca da empresa. Segundo agências de notícias internacionais, o funeral de Jobs teria ocorrido na tarde de ontem, uma cerimônia no melhor estilo Jobs de ser: discreta e reservada aos amigos e aos familiares. No comunicado sobre a morte do empresário, a Apple afirmou que haveria uma celebração para lembrar a trajetória do executivo. Até agora, contudo, não há nenhuma informação sobre a realização de qualquer evento.

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