postado em 06/10/2014 09:31
Em vez de silêncio, violão e cantoria. O quadro e as carteiras não deixam enganar: o ambiente é uma sala de aula. É justamente o professor quem comanda a brincadeira. Cada vez mais, os docentes procuram tornar a escola ou o cursinho um local mais divertido, com músicas, vídeos e dinâmicas. De quebra, o processo ainda pode ajudar na memorização, dizem especialistas (leia Três perguntas para). ;Esse tipo de proposta é interessante para o propósito que ela tem, que é memorizar coisas para uma prova. É algo que ativa a memória de curto prazo. Se houver repetição, essa informação pode passar para a memória de longo prazo;, diz a psicopedagoga Mariângela Amazonas.Desde que começou a lecionar, há 15 anos, o professor de inglês André ;Goofy; Dias, 32, utiliza os meios para cativar os alunos. O apelido, nome em inglês para o personagem Pateta, da Disney, veio da adolescência. ;André é um nome comum, já tinha alguns no meu grupo. Sempre fui muito extrovertido e gostava do personagem. Por isso, veio o apelido, que eu levei para a minha vida profissional, para me diferenciar;, diz ele, que trabalha no Grupo Impacto. ;Acho que esse tipo de recurso torna a aula mais atraente. Matérias como matemática impõem respeito, então, precisamos fazer coisas diferentes para manter a atenção dos alunos. Procuro trabalhar com músicas pop, que eles gostam, faço análise das letras, abordo um pouco de tradução e vocabulário. Também crio algumas músicas e canto com eles;, diz.
Aluna de Goofy, Yasmin Ibrahim, 15 anos, vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano como treineira. ;Essa é a aula que a gente mais gosta na sexta-feira, até evito faltar. É muito mais fácil prestar atenção desse jeito;, conta.
A colega Tayná Oliveira, 16, concorda. ;Tenho vários professores que fazem esse tipo de aula. Acho que isso ajuda a criar uma intimidade maior com ele. A gente se sente mais à vontade para procurá-los e tirar uma dúvida, por exemplo;, diz. ;Tem coisas que só entendo com as músicas. As aulas também ficam bem mais divertidas;, diz Rebeca Corrêa, 15.
Apesar dos elogios das estudantes, a psicopedagoga Mariângela alerta para os exageros. ;É preciso considerar que o aluno é um ser pensante; o professor não deve deixar de explicar o porquê das coisas. O estudante não deve ser treinado para apenas fazer uma prova ou decorar, ele tem de ser estimulado a refletir;, opina.
Até matemática
O professor Nicholas Alves Amaral, 24 anos, dá aulas há 8. Há seis, começou a usar músicas para conteúdos de álgebra e geometria. Ele pesquisa algumas canções já famosas entre professores e cria outras. ;Notei melhora na recepção dos alunos depois que comecei a usar o método. Alguns assuntos podem ser bem massantes, a música facilita para explicar. Como aluno, eu também já tive esse tipo de aula e, para mim, funcionava;, conta.
O professor do cursinho Galois teve de superar a timidez para fazer as brincadeiras em sala de aula. ;Eu sou bem tímido. Na aula, visto um personagem e descontraio bastante, mas, se me pedirem para fazer as mesmas brincadeiras na rua, eu não faço;, revela. ;Às vezes, encontro ex-alunos meus que dizem que se lembram das músicas, ainda que nem sempre se lembrem mais de como aplicar as fórmulas;, diz.
Na opinião dos alunos, o método é válido. ;Acho bem legal esse tipo de aula. Não sou muito fã de decorar, mais isso ajuda. Além disso, a gente interage mais com o professor. Só seria ruim se o professor não soubesse separar a hora da brincadeira e da aula séria, mas nunca passei por essa situação. Os professores daqui sabem diferenciar as duas coisas;, diz Pedro Galvino, 17 anos.
Para Luiza Feitoza, 17, outras aulas, além da matemática, podem melhorar com mais flexibilidade na relação entre o aluno e o professor. ;As aulas mais dinâmicas não servem só para exatas, acho que isso pode ser utilizado em outras matérias. Tive um professor de artes cênicas que atuava na aula. Acho que isso é algo legal;, diz.
Inscreva-se
; Estão abertas até 16 de outubro as inscrições para o simulado da série Correio Braziliense no Enem. Os interessados podem se cadastrar gratuitamente pelo site www.simuladocb.com.br. A prova, elaborada pelo IMP Concursos e pelo Tempo de Concursos, é composta por dois cadernos ; com quatro horas de duração cada um ;, que estarão disponíveis pelo site de 18 de outubro, às 7h, até 19 de outubro, às 23h59. Cada prova tem quatro horas de duração. O gabarito será divulgado em 20 de outubro. É a chance de testar seus conhecimentos para o Enem. Assinantes do Correio Braziliense podem acessar um banco de questões extra.
Três perguntas para
Juarez Lopes, diretor acadêmico do Instituto de Otimização da Mente (IOM) e especialista em leitura dinâmica e memorização
Qual é o segredo para melhorar a capacidade de memorização?
Não existem problemas de memorização. Tudo o que os nossos sentidos captam é memorizado; nada se perde. A psicanálise está aí para comprovar isso. Fatos ocorridos em nossa mais tenra infância estão muitas vezes guardados no subconsciente e, ao saírem para o consciente, geram fobias e neuroses. Se não existem problemas de memorização, por que nos esquecemos tanto? O problema não é de memorização, mas, sim, de acesso à memória. Os componentes de uma boa técnica de acesso à memória são organização, foco, associação e repetição.
No Enem, os alunos têm cerca de três minutos para resolver cada questão. Como técnicas de leitura dinâmica podem ajudá-los a não exceder o tempo de prova?
A média nacional da leitura tradicional gira em torno de 171 palavras por minuto. Um leitor dinâmico pode multiplicar a capacidade em até cinco vezes. Para economizar tempo, comece sempre pelas questões mais fáceis, aquelas que você tem mais facilidade para resolver. Leia primeiramente as perguntas antes de ler o texto da questão. Não fique namorando as perguntas. Após um minuto, caso não tenha ainda conseguido iniciar o raciocínio, passe para a questão seguinte e deixe essa mais complicada para o fim.
Há professores que utilizam músicas e brincadeiras para ajudar os alunos a fixar o conteúdo. Isso é útil? Por quê?
As músicas e as brincadeiras são técnicas associativas de acesso à memória e trazem excelentes resultados. Uma dessas técnicas é usar rima para fazer associação. Quando há crase nas frases com verbos que indicam movimento? Se eu vou a e volto da, crase há, mas se eu vou a e volto de, crasear para quê? Outra associação legal em trigonometria: minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, seno a, cosseno b, seno b, cosseno a. Mais uma: toda palavra paroxítona terminada em lona roxa ou rouxinol (l, n, r, x) é acentuada.
Atenção
no primeiro dia de provas, em 8 de novembro, os alunos terão
4h30
para resolver questões de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias.
Já no segundo dia, em 9 de novembro, serão
5h30
para completar questões de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática e suas tecnologias.
Os portões de acesso abrem às
12h
e fecham às 13h, horário de Brasília