Enem

Estresse: vilão ou mocinho?

A tensão - e a atenção total em um assunto - é apontada como a principal causa das crises de ansiedade, mas especialistas afirmam que, na medida certa, pode ser uma aliada para realizar o Enem. Cuidados com as saúdes mental e física são essenciais nessa hora

postado em 27/10/2014 11:29
Amanda Taquary, ao fundo, com amigos do colégio: eles abrem mão de algumas atividades, mas, às vezes, o estresse é demaisA ansiedade e o estresse se fazem presentes na rotina de muitos candidatos que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para as provas, aplicadas em 8 e 9 de novembro para 8,7 milhões de inscritos, especialistas apontam que isso tanto pode ajudar o candidato na reta final quanto trazer a ruína. A psicoterapeuta Myriam Durante afirma que 80% dos problemas de aprendizado têm relação com a tensão. ;No plano mental, quanto mais força você fizer, menos resultado terá. Quando você fica estressado, não consegue absorver todo o conteúdo estudado;, alerta.

A doutora em distúrbios de desenvolvimento e professora do curso de psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul Anna Carolina Cassiano afirma que o estresse é ocasionado por uma série de fatores que o candidato acumula ao longo da preparação. ;É uma sobrecarga que acontece quando a pessoa não cuida da saúde física e psicológica ; ao não fazer exercícios físicos e ao não reservar momentos para o lazer.;

Estampada em camisas e estojos dos alunos que fazem o curso pré-vestibular do Colégio Olimpo, a frase ;Yes stress; traduz a carga de estudos que a instituição recomenda aos alunos. Diretor pedagógico geral da escola, Vinícius de Miranda acredita que o estresse pode ajudar o aluno a manter o foco e a impulsionar os estudos. ;A gente entende como estímulo. Para passar em um curso concorrido, é preciso ter uma rotina pesada de estudos. É um investimento que o aluno está fazendo.;

Juliana e Caio (ao centro) dizem que a pressão é por uma boa causaAlunos do curso pré-vestibular do colégio, Juliana Miranda, 19 anos, e Caio Fasolak, 18, estudam cerca de 12 horas por dia. Juliana quer fazer medicina na Universidade de Brasília, e Caio, engenharia elétrica na mesma instituição. Caio afirma que se sente pressionado pelos professores, mas isso não atrapalha o rendimento. ;Não é nada excepcional. Eles sempre falam que quanto mais a prova se aproxima, mais a gente tem que se esforçar;, explica. Mesmo com o ritmo intenso, Juliana garante que não se arrepende de abdicar de alguns momentos da vida. ;Acho que vale a pena porque sempre foi uma meta. Se é o que preciso fazer para cursar medicina, então, está valendo a pena;, afirma.

Estudando há três anos para conseguir uma vaga em medicina na Universidade de Brasília, a aluna Amanda Luiza Taquary, 20 anos, abre mão de algumas atividades, mas não nega o desgaste. ;Com a reta final chegando, fica tudo muito cansativo. Dá vontade de largar tudo e sair correndo;, confessa a estudante do colégio Dínatos COC.

Segundo o psicólogo clínico Fernando Elias José, certo nível de estresse pode levar o candidato a ter um desempenho melhor, mas é preciso dosar a pressão: ;É necessário autoconhecimento para saber o momento de parar de estudar.; Caso contrário, de acordo com a professora Anna Carolina Cassiano, a preparação vai ser desperdiçada. ;O estresse excessivo faz com que as pessoas tenham crises de ansiedade e esqueçam o conteúdo. Isso é um dos sinais da sobrecarga da mente;, explica.

Mantenha o controle!

No livro recém-lançado Aprendizagem acelerada: elimine o estresse e aprenda melhor, a psicoterapeuta Myriam Durante traz dicas e técnicas para conseguir o máximo desempenho durante os estudos. Para auxiliar os candidatos no Enem, a psicoterapeuta destaca oito recomendações para conseguir melhor resultado na prova.

1. Aprenda a relaxar

;Quando a ansiedade toma conta de você, o relaxamento pode ajudá-lo a libertar a tensão muscular e reduzir ou afastar as suas preocupações.;

2. Concentre o foco
;Ficar ligado em uma só tarefa por vez, entendê-la e dedicar-se a ela consolida o aprendizado e faz o cérebro ficar ligado.;

3. Mantenha uma dieta equilibrada
;Para funcionar corretamente, nosso cérebro retira a energia que precisa da comida que você ingere e do oxigênio que você respira. Para ter energia, o cérebro precisa de muita glicose.;

4. Beba água
;O corpo de um adulto é formado, em média, por 60% a 65% de água. Quando há uma queda de 5% nesse percentual de água corpóreo, há também uma queda de quase 30% no desempenho do cérebro.;

5. Visualize o que deseja
;Estudos comprovam que os exercícios de visualização ativam a capacidade mental. Pratique fazendo pequenos ;filmes mentais; de tudo que aprender.;

6. Faça exercícios mentais
;O cérebro é o tipo de órgão que, quanto mais você usa, mais fica ativo. Estudar, ler, usar a criatividade... Tudo isso contribui para afiar a mente.;

7. Faça exercícios físicos

;O exercício físico fortalece os circuitos cerebrais, que são responsáveis pelas funções executivas, como analisar um problema, fazer uma conta matemática ou finalizar uma tarefa complexa.;

8. Durma bem

;Dormir bem é fundamental para guardar as informações adquiridas ao longo do dia, pois, entre as funções do sono e do sonho, está a consolidação de memórias de longo prazo.;

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