Jairo Macedo-Especial para o Correio
postado em 26/10/2017 21:16
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Quem compareceu à live do Especial Enem desta quinta-feira (26) foi o secretário de Educação do Distrito Federal Júlio Gregório Filho. Formado em química pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduado em administração da educação, ele esteve nos estúdios do Correio sobretudo como professor de química, profissão que exerceu por três décadas. Na transmissão ao vivo, ele comentou a prova de ciências da natureza e suas tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Julio Gregório Filho participou da elaboração da primeira edição do exame, ainda em 1998. De lá para cá, muita coisa mudou. ;No início, a característica era de não exigir do inscrito grande capacidade de memorização. Isso foi se alterando aos poucos, na medida em que o Enem foi deixando de ser uma avaliação do ensino médio no país para se tornar, acima de tudo, via de acesso ao ensino superior;, contextualiza.
Aplicação na realidade
Ainda assim, as peculiaridades das ciências da natureza persistem. ;Não basta ter a informação da química, como saber a tabela periódica decorada ou ter em mente todas as fórmulas. Vale mais realizar a aplicação no cotidiano e no presente;, diz. ;Nas questões de energia, quando perguntado sobre o funcionamento das pilhas, não se trata apenas do conhecimento do que é uma reação de oxidação e redução. O importante é que o candidato saiba onde essa reação funciona, quais as aplicações e consequências de uma ocorrência química essa natureza;, exemplifica.
A leitura do texto e o pleno entendimento da linguagem química fala mais alto. ;É raro, até aqui, surgirem questões cuja resolução envolva cálculos muito mais complexos que uma regra de três.;
O que cai
A poucos dias da aplicação do Enem, que ocorre em 5 e 12 de novembro, não faltou, é claro, quem do público on-line perguntasse sobre os temas mais recorrentes na prova. Novamente sobre energia, o professor pondera: ;Provavelmente, quem está assistindo a esse programa está fazendo isso com um aparelho celular. Nele, você tem uma bateria que é recarregável, mas em outros eletrônicos não é. Por quê? Realizar esse tipo de relação é muito importante.; Além disso, ele pontua que o exame costuma cobrar as diferenças das formas físicas de produzir energia (eólica. elétrica) dos modos de produção a partir de energia química (baterias, armazenamento de energia).
São tradicionais também os temas relacionados ao meio ambiente, como poluição, efeito estufa e falta de chuvas. ;Falamos permanentemente e temos que falar muito mais. Tudo tem química. Pode causar o problema, mas também a solução. Invariavelmente, cai na prova aspectos químicos ligados a isso;, diz o professor. Ele cita ainda a relevância dos polímeros (;Sabão, detergente, o que é biodegradável e por que?;) e de combustível (;Por que o álcool polui menos que a gasolina?;).
Excesso de textos
O volume e o formato de informações ; ;uma verdadeira maratona;, na definição do secretário ; em ciências da natureza e no restante do exame também preocupam os candidatos. Para ele, é na leitura atenta que nota-se os detalhes das perguntas e ainda a interdisciplinaridade do exame. ;Tem questão que você lê e não sabe nem se é física, química, biologia. Por isso, a interpretação. Não há questão do tipo "calcule o ph" posta assim, de modo seco, diretíssimo. Ao contrário, ela te dará todo um contexto em que o ph é importante, na agricultura, saúde, poluição atmosférica, etc.;