A prova de linguagens, códigos e tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) engloba diversas facetas do conhecimento. O teste apresenta aos candidatos 45 questões de português, artes, literatura, tecnologias da informação, educação física e espanhol ou inglês. A língua inglesa, embora preterida por 60% dos candidatos, é a que apresenta os melhores desempenhos. Segundo microdados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os alunos têm 55% de acerto em média. As provas do Enem acontecem neste fim de semana, dia 5, e no próximo, dia 12. A avaliação de linguagens está marcada para a primeira data.
Leia mais notícias sobre o Enem
;A prova é diferente do PAS e outros vestibulares. No Enem, a cobrança maior é na interpretação de texto, acima de tudo. O candidato deve demonstrar se sabe ler e compreender um texto completo em língua inglesa;, afirma Sandra Mara Portocarrero, professora de inglês e coordenadora de línguas estrangeiras do Centro Educacional Sigma. Com cinco questões que envolvem gêneros de texto, a prova privilegia mais a capacidade de compreensão do enunciado do que o repertório gramatical ou habilidade de tradução. ;Não cobram muita gramática, o Enem não é disso. Deve cair algo que envolva um contexto mais amplo e, assim, pedir que demonstremos como entendemos o texto;, diz Bruno Guedes, 20 anos, que fará o exame em busca de uma vaga em medicina.
Os textos apresentados vão da charge a poemas, passando por textos jornalísticos, publicitários, letras de canções e tirinhas. Nalini Costa, diretora acadêmica da Washington Franchising, observa que a variedade de gêneros e o conteúdo atual contextualizam com o caráter interdisciplinar do exame. ;Normalmente, trata-se, em inglês, do que também é assunto das questões nas outras áreas. Desse modo, é importante o aluno saber dos temas atuais no Brasil e no mundo, preparando-se com muita leitura de veículos de imprensa estrangeiros, de modo a ganhar vocabulário e repertório.;
Sandra Portocarrero avalia positivamente a abordagem. ;É um formato bacana, cuja cobrança está no inglês instrumental. O aluno precisa ficar atento aos detalhes. Embora sejam textos curtos, têm suas nuances e exigem conhecimento para perceber a intenção por trás deles;, comenta.
Proximidade
Prestes a fazer o exame, Giovana Rodrigues, 20, prepara-se em um cursinho pré-vestibular e confessa que não se dedica de modo sistemático à língua inglesa. ;Tive a oportunidade de fazer curso de inglês e hoje me sinto mais preparada. Leio artigos de jornais americanos e ingleses que, com a música, me trazem proximidade com a língua;, conta. ;Ouço muita música estrangeira, vejo filmes e séries, por isso ,me mantenho conectado com o inglês;, acrescenta Iago Alvino, 18, que tem revisado as questões de edições anteriores.Nalini Costa acredita que, de fato, há muito de língua estrangeira no dia a dia dos jovens e, embora isso não substitua o ensino formal, pode ser de grande auxílio complementar. ;Criando esse hábito de ler sites estrangeiros e assistir a filmes e séries, o estudante fica conectado. Me impressiona o conhecimento natural que alguns jogos virtuais proporcionam;, exemplifica. É o caso de Bruno Guedes, aficionado pela atividade. ;Para a inserção em certos grupos, saber inglês é absolutamente necessário;, conta. ;Jogo muito on-line. Muita gente nesse universo só fala inglês, o que acaba sendo um meio de conhecimento. Ou aprendia ou jogava sozinho.;
Nem por isso, alerta Sandra Portocarrero, deve-se relaxar na preparação. A inserção de termos estrangeiros no dia a dia, aliada ao fato de que os comandos e itens do Enem vêm em português, dão a falsa impressão de ser uma prova que se responde natural e intuitivamente. ;Sinto que, por usar a língua materna na questão, parece a eles que vão conseguir decodificar o texto a partir dali, em português mesmo. Não é bem assim. É claro que isso ajuda, mas não resolve;, diz. ;Saber algumas palavras é diferente de entender um texto;, complementa Nalini Costa.
MEC recorrerá sobre redação
O Inep foi notificado, na noite da última quarta-feira, da decisão do Tribunal Regional Federal da 1; Região (TRF1) que determinou a suspensão da regra que diz que quem desrespeitar os direitos humanos na prova de redação do Enem pode receber nota zero. O Ministério da Educação (MEC) afirma que recorrerá e a Advocacia-Geral da União (AGU) aguarda a publicação do inteiro teor do julgamento do TRF1 para analisar o recurso cabível. A decisão judicial foi tomada em caráter de urgência a pedido da Associação Escola Sem Partido.
Alimentos para o corpo e mente
Não é só de matemática, português, física ou geografia que é feita a preparação para uma grande prova. Aqueles que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devem, a esta altura, desviar um pouco a atenção da sala de aula e voltá-la para o próprio bem-estar. Em vídeo para o Especial Enem na última quarta-feira, a nutricionista Fabiani Beal deu dicas contra a ansiedade e pela saúde física e mental dos estudantes que se submetem à maratona de provas. A ordem é: menos guloseimas e mais barras de cereal. Saem de cena os industrializados, cuja abertura de embalagem irrita o concorrente ao lado, e entram as frutas, nas quais as cascas são a embalagem provida pela natureza.;No Enem, nem sempre os estudantes chegam preparados e precisam escolher algo que os ambulantes vendem na porta. É preciso muito cuidado na escolha;, afirma Fabiani. Sem maior planejamento, os ansiosos de plantão apelam para salgadinhos gordurosos, refrigerantes e doces. Os últimos são eleitos pela nutricionista como os grandes vilões do exame, em função do alto teor de açúcar simples.
;Trata-se de fonte rara de energia, mas de uso muito rápido. Se o estudante não tiver se alimentado bem antes, esse açúcar proporciona um pico de hiperglicemia no organismo, que logo é aproveitada pelo cérebro e, depois, a gente entra em estado de hipoglicemia de rebote;, explica. Tal estado, conta ela, traz fraqueza, moleza, cansaço. Para quem necessita de alto nível de atenção ao longo de 90 questões, certamente não é a melhor das escolhas. ;Estamos falando de uma prova de horas de duração. Passado o efeito do açúcar, o cérebro precisa de mais glicose para funcionar de maneira efetiva e não haverá o suficiente.;
Soluções
O ideal é preferir alimentos que provenham açúcar durante todo o processo da avaliação. Barra de cereal é uma ótima opção e é sempre vendida no portão. Chocolates, surpreendentemente, são permitidos pelos nutricionistas, mas há ressalvas. ;Aqueles com alto teor de cacau são boas fontes de triptofano, aminoácido precursor de um dos hormônios que auxiliam na sensação de calma e prazer. Porém, os mais comuns, como chocolate ao leite ou bolachas recheadas, não são recomendados. Quanto mais amargo, melhor;, ensina Fabiani.A nutricionista frisa que o foco deve ser em alimentos que não prejudicam o candidato física e psicologicamente. Para quem não está acostumado, estímulos extras trazidos pelo café ou energéticos, por exemplo, podem ter efeito contrário ao esperado. ;Quem tem o hábito do cafézinho pode mantê-lo com cautela. Já o energético, com fontes como o guaraná, acelera o metabolismo e deixa a pessoa mais ansiosa. Consequentemente, tira o poder de concentração.;
Relaxamento
Para aliviar o nervosismo e ter uma boa noite de sono, a especialista recomenda chás (camomila, erva cidreira, capim-limão, entre outros), suco de maracujá e maçã, cuja casca é eficaz no relaxamento. Para o grande dia, a dica é acordar relativamente cedo e fazer um café da manhã reforçado, mas sem gordura e com alimentos recorrentes na rotina do candidato. Tapioca, pão integral, frutas e queijos leves podem compor o cardápio matutino. ;Refrigerante de manhã nem pensar. Lembre-se que é preciso estar ;acordado; à tarde, não no início do dia;, pontua a nutricionista.Os locais de prova do Enem abrem os portões às 12h de Brasília e fecham pontualmente às 13h. Os horários, aliados à logística de comoção nem sempre tranquila, obrigam os inscritos a se alimentarem muito cedo. Para quem opta por um lanche, sanduíche com pão integral e salada é uma boa opção. Àqueles que preferem mesmo um almoço completo recomenda-se carne branca grelhada, legumes (de preferência crus), verduras e porção moderada de arroz. No intervalo entre a primeira e a segunda avaliação, que em 2017 é de uma semana, peixes como salmão e sardinha são recomendáveis, uma vez que o consumo deles estimula o cérebro nas respostas neurológicas.
"No Enem, nem sempre os estudantes chegam preparados e precisam escolher algo que os ambulantes vendem na porta. É preciso muito cuidado na escolha; Fabiani Beal, nutricionista
* Estagiária sob supervisão de Natália Lambert