postado em 12/11/2017 20:19
Encerrada a última etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é hora de repensar o que caiu nas provas de ciências da natureza e matemática, aplicadas neste domingo (12). A avaliação geral, de professores e estudantes, é de que não foi fácil resolver as 90 questões envolvendo as disciplinas de matemática, física, biologia e química. Esta última, foi a que mais surpreendeu e exigiu atenção e conhecimento dos alunos, na avaliação da maioria. A disciplina ocupou, sozinha, 19 das 45 questões de ciências da natureza.
;Química foi de longe a mais complicada;, avalia Gustavo Henrique Moreira, 16 anos, que busca por meio do exame uma vaga em ciência da computação. Muito confiante, ele saiu da avaliação com receio apenas de seu desempenho na disciplina. ;Eram questões que exigiam conteúdo. Em geral, havia contextualização sucinta e, em seguida, um comando mais direto;, afirma. Para ele, uma questão em que era preciso calcular a calota de uma esfera foi a mais contundente, pois o estudante, confessa, se esqueceu da fórmula necessária para fazê-la. ;Havia poucos dados fornecidos e eu precisava complementá-los, mas tive dificuldade.;
Allan Rodrigues, professor de química do curso Descomplica, corrobora a opinião de Gustavo. Para ele, os itens de química foram difíceis, sem sombra de dúvida, mas envolviam temas já vistos em outras edições do exame. ;Foram assuntos que sempre aparecem. A grande dificuldade esteve em interpretá-los, pois eram bem contextualizados;, diz. Como uma das mais difíceis, ele cita questão de cromotografia, que exigia conhecimento sobre processo de separação de misturas.
Eletroquímica
Uma questão, envolvendo eletroquímica sobre pilhas, tema clássico do Enem, pode ter complicado a percepção dos alunos. ;Ela apresentava associação de pilhas em série. Embora seja temática recorrente, envolvia muitos testes por parte do candidato para chegar ao resultado final;, avalia. ;De fato, este conteúdo de pilhas em série, embora comum, recebeu abordagem que exigia conteúdo e atenção. O aluno devia avaliar como a série estava montada em cada alternativa;, concorda Gilver Ferreira, que leciona a disciplina na rede pública do Distrito Federal. Michel Henri, professor de química do SAS Plataforma de Educação, elegeu a mesma questão como maior vilã deste domingo. ;A associação das pilhas envolveu conteúdo muito específico, normalmente não cobrado.;
Tendência conteudista
Para Michel Henri, a prova de ciências da natureza foi ;conteudista e não intuitiva;, mais tradicional e próximo ao conteúdo dos principais vestibulares do país. ;É uma tendência do Enem que vem se intensificando nos últimos anos, ao exigir conhecimento teórico profundo e cálculos em volume relativamente grande.;
Em física, o professor do Descomplica Léo Gomes avalia a prova como ;difícil, mas sem maiores polêmicas. Na avaliação dele: ;Nenhum assunto abordado esteve fora do esperado. Houve uma questão de interferência de ondas, que já caiu uma vez e, acredito, foi a mais ;doída; para os estudantes. Nela, era preciso usar a equação de diferença de percurso, um conhecimento muito específico;. Além dela, caíram na prova de ciências da natureza assuntos como calorimetria, cinemática e produção de energia através de usinas. ;A interpretação de texto em gráficos e tabelas foi fundamental, pois era necessária essa habilidade para resolver temas de usina e armazenamento de hidrogênio. Em uma questão envolvendo energia cinética, foi exigido, ao invés da interpretação de um gráfico dado, a construção de um, em função da altura em cama elástica;, afirma Léo Gomes.
Biologia e matemática
Coordenador pedagógico de ensino do curso pH, Fabrício Cortezzi aponta que a quantidade de cálculo envolvendo as duas provas, aplicadas pela primeira vez no mesmo dia, não chegou a ser exaustiva, mas também ressalta a exigência de boa interpretação de gráficos e textos. ;Em biologia, não vemos grandes surpresas desde 2013. Foram conteúdos de acordo com o esperado, sempre previlegiando ecologia e saúde;, avalia. Flávio Landim, que leciona biologia na SAS Plataforma de Educação, avalia as questões da disciplina como de nível médio de dificuldade. ;O estilo da prova foi mais conteudista, com algumas poucas questões envolvendo apenas interpretação de textos. A distribuição de conteúdos envolve pequena diversidade de assuntos, sendo ecologia o assunto mais explorado e genética o segundo mais explorado.;
Em matemática, houve equilíbrio razoável entre álgebra e geometria. ;Esperávamos que seria mais cansativo, mas penso que matemática exigiu um pouco menos dos alunos;, avalia Fabrício Cortezzi. ;As questões mais complicadas envolveram cobrança de juros, hipérbole e funções;, avaliou o coordenador do curso Poliedro Vinicius de Carvalho Haidar.