Enem

Operação da Polícia Federal investiga fraudes no Enem em 13 Estados e no DF

Operação conduziu coercitivamente 31 inscritos em 14 unidades da federação. Alguns têm histórico suspeito

Diário de Pernambuco
postado em 13/11/2017 10:14
PF investiga fraudes no Enem
A Polícia Federal, com apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), deflagrou na tarde de ontem a Operação Passe Fácil, visando coibir fraudes no Enem. Segundo a PF, foram cumpridas 31 ordens judiciais de condução coercitiva em 13 estados - Pernambuco, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande e São Paulo - e no Distrito Federal. Em todas essas unidades da federação foi possível detectar indícios de fraudes. Uma pessoa foi conduzida na cidade de São José do Egito, a 404 km do Recife, no Sertão pernambucano. A ação foi realizada pela unidade da PF de Patos (PB), por proximidade.

A operação buscou desvendar e desarticular um esquema de candidatos interessados em fraudar o certame mediante a resolução da prova por especialistas chamados de ;pilotos;, que posteriormente repassavam os gabaritos aos concorrentes que os contrataram, inclusive por utilização de pontos eletrônicos.
A suspeita ocorreu porque os 31 investigados tinham algum indício como o fato de já terem sido aprovados em outros exames para faculdades e cursos de alta concorrência, como medicina e engenharia. Outros sinais eram gabaritos idênticos ou performance muito boa em disciplinas específicas. Ainda não se sabe quais dos investigados eram concorrentes de fato ou realizavam a prova como ;pilotos;.

De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Renato Madsen, as conduções coercitivas foram feitas com cautela e discrição, para não prejudicar outros candidatos.
;As pessoas eram monitoradas por esse histórico e depois esperamos que realizassem o exame. No local da prova acontecia a abordagem discretamente, evitando entrar em salas para não assustar ou provocar desconcentração. A principal forma de comunicação seria por meio do ponto eletrônico, mas estamos investigando até as formas mais básicas, como deixar respostas em banheiros, por exemplo;, pontuou.
Na abordagem, os policiais apreendiam os celulares para ver as principais formas de comunicação. Através de revistas foi verificada a presença de fones ou pontos eletrônicos. Essas informações vão ser reunidas para fechar o cerco.

Os investigados foram ouvidos e liberados. Eles terão direito de se defender e, justificada a inocência, terão as provas corrigidas normalmente. A PF esclareceu que a operação não prejudica a segurança do Enem.

Os resultados da operação ainda estão sendo computados, mas já foi possível colher depoimentos e apreender celulares, o que confirmou a participação em fraudes em certames anteriores. ;Um dos suspeitos chegou a confessar a participação em esquema de anos anteriores, mas não conseguiu passar porque não se deu bem na redação;, informou o delegado.

De acordo com a Polícia Federal, a operação busca garantir a lisura e a igualdade entre os candidatos. A investigação citou 31 pessoas, mas ainda pode aumentar o número de envolvidos suspeitos. Entre os potenciais crimes estão estelionato, uso de documento falso, fraudes em certames de interesse público e associação criminosa, cujas penas ultrapassam os 25 anos de reclusão.

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