Enem

Escrever é uma habilidade que exige treino e conhecimento das regras

Em live nas redes sociais, os professores Eli Guimarães e Dad Squarisi esclareceram dúvidas sobre a prova do Enem. Não há segredos para quem mantém o hábito da escrita e leitura, garantem

Jairo Macedo-Especial para o Correio
postado em 25/09/2018 13:35

Uma live especial ocorreu na tarde desta terça-feira (25). Nos estúdios do Correio, Dad Squarisi, professora e editora de Opinião, se uniu a Eli Guimarães, professor e coordenador do Centro Educacional Sigma, para um bate-papo claro e instrutivo. Em pauta, a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para os dois mestres, não há segredos: no mundo de hoje, todo mundo lê muito, ao contrário do que se imagina. Redirecionar essa leitura para o entendimento da norma culta, conhecer as ;regras do jogo; do exame e treinar, treinar muito, levarão o candidato ao melhor desempenho na escrita da dissertação.

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;Escrever é uma habilidade. Daquelas que exigem treino. Um bom nadador precisa nadar, nadar muito e sempre. Se quer tirar nota 1000, você tem que escrever muito e sempre, todos os dias, sobre qualquer coisa;, afirmou Dad. ;Se não tiver quem corrija, não tem importância. Escreva e jogue no lixo. Faça sempre à mão, como o Enem exige. Isso desinibe a mão e desinibe a cabeça. Quando chegar no Enem, estará tão acostumado a escrever que estará pronto.;

Professor Eli:

;A leitura deve ser vista como um patrimônio cultural familiar;, acrescentou Eli. ;A leitura começa em casa, como parte de nossa formação e cidadania. E precisa ser uma prática constante. Faça um comentário, guarde, analise. As pessoas não vão à academia todo dia? Escrever é assim, uma prática.; Para treinar, o professor recomenda, por exemplo, o uso de diários. ;Parece uma bobagem, mas é um exercício de libertação e construção de identidade.;

O que vale nota zero

;É preciso que seja uma dissertação, que apresente uma proposta de intervenção, não fuja do tema, tenha começo, meio e fim, e argumentação simples;, enumerou Dad Squarisi. Não é para menos. A síntese da professora vai ao encontro das competências exigidas no exame: demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa, compreender a proposta e aplicar conceitos para desenvolvê-la, selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos para construir a organização e elaborar proposta de intervenção.

Conhecendo esses critérios, o aluno está apto a começar e não esbarrar naquilo que pode zerar sua redação. ;O que zera é não entender o tema. É preciso vê-lo com cuidado, ler quantas vezes for preciso, até entender bem. Se é sobre as causas da violência no Brasil, não adianta falar da violência na Dinamarca. Pode ser um texto perfeito, mas, se fugiu ao tema, não serve;, exemplificou. ;Tem também o gênero textual;, alertou Eli Guimarães. ;Se alguém faz uma crônica, narração ou carta, e não uma dissertação argumentativa, tem sua prova zerada. Inserir textos desconectados com a discussão também. Antes, uma argumentação inadequada era desconsiderada. Hoje, qualquer inserção inadequada leva à anulação.;

Outros erros, mais incomuns, também levam à nota zero: redação em branco, escrita integralmente em língua estrangeira, com texto insuficiente, desenhos e qualquer tipo de identificação do candidato. [SAIBAMAIS]

Empregar a norma culta é fundamental

A professora não segue a opinião, tão difundida por aí, de que os jovens não leem mais. Ao contrário, nunca se leu e escreveu tanto na história da humanidade. ;É difícil não ler. Se está na escola, você lerá as apostilas, livros, provas, seu próprio caderno. Se está em casa, lerá jornais, revistas e, mesmo no celular e no computador, está sempre lendo. Vai ler o jornal, revista ou, mesmo no celular, está lendo. Escrevemos demais, só que num código não condizente com a norma culta.;

Ainda que não anulem a redação, erros como os de concordância, regência e pontuação tiram pontos dos candidatos. São as regras básicas da língua culta, cuja aplicação não tem grandes mistérios, garante Dad. ;Norma culta nada mais é do que a língua que aprendemos na escola. É a língua que está nos jornais, nas revistas, nos livros didáticos.;

Eli Guimarães e Dad Squarisi: atenção à norma culta é essencial

A partir de levantamento das edições anteriores, a professora aponta os erros mais comuns quanto à norma. ;Há muito emprego do ;onde; inadequadamente. Ele se refere sempre a um lugar físico que o antecede;, explica. Também o mal emprego da vírgula atrapalha o desenvolvimento do texto. ;Se escrevermos frases curtas, seremos mais claros.; Evite o ;textão; e privilegie a organização em parágrafos. ;Quanto à estrutura textual, recomendo sempre atenção na paragrafação. E bom uso dos articuladores sintáticos;, acrescenta Eli Guimarães.


Intervenção e dissertação são particularidades do exame

O exame exige proposta de intervenção, de modo que se apresente soluções ao tema proposto, bem como os agentes desse movimento. É como se, ao final da argumentação, o exame perguntasse ao candidato: ;ok, mas e daí?;. ;Quem escreve não tem condições de, digamos, melhorar o trânsito no país todo, mas pode fazer propostas. O Detran pode melhorar a fiscalização, as multas podem ficar mais altas, o governo pode fazer campanhas de conscientização? Quem pode solucionar o problema?;, exemplifica Dad Squarisi.

;Trata-se de uma particularidade do Enem. A obrigatoriedade não ocorre em outros locais. Além disso, há vestibulares que permitem outros gêneros de texto que não a dissertação;, afirmou Eli.


Prova de linguagens é tema da próxima live

As lives do Especial Enem são semanais. Toda terça-feira, às 14h15, convidados participam de bate-papos sobre as diversas áreas de conhecimento do Enem. O tema da próxima terça-feira (2) será a prova de linguagens, códigos e suas tecnologias. Acesse as redes sociais do Eu, Estudante (Facebook e Instagram), assista e participe com perguntas.


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