Jairo Macedo-Especial para o Correio, Felipe de Oliveira Moura*
postado em 15/10/2018 07:00
O que está em pauta na mídia reverbera nas redes sociais, no bate-papo do dia a dia, na sala de aula e, por que não?, nas questões objetivas e na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A proximidade da aplicação das provas traz sempre aos candidatos a dúvida sobre como os temas caros ao debate público podem incidir, direta e indiretamente, nas provas.
Cursinhos e plataformas on-line de estudo preparam conteúdos exclusivos a respeito, quase como uma disciplina a ser lecionada. Não se trata de propor um jogo adivinhação, é claro. Porém, convém compreender que o Enem, como prova de maior amplitude do Brasil, propõe que os secundaristas pensem o país e o mundo. Ter alguma intimidade com os mais variados assuntos e estar atento às fontes é fundamental. ;Por não confiar em algumas notícias, procuro sempre sites e jornais mais críveis;, afirma Marcelo Cascaes, 19 anos, candidato a uma vaga em direito.
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;No Enem, dificilmente será cobrado o entendimento de uma notícia factual e pronto. A intenção do exame é usá-la para ver se o aluno entende o contexto, apostando na interdisciplinaridade. Se surge um texto sobre o Estado de Israel, ele é o mote para cobrar do aluno tudo o que aconteceu na região para culminar na atual conjuntura;, exemplifica Ricardo Marcílio, professor de geografia e atualidades do Descomplica. ;Você pode pegar um fato histórico de muito tempo atrás e propor uma história comparada, promovendo ganchos e conexões;, acrescenta Fábio Braz, consultor pedagógico do SAS.
Corte temporal
;Atualidades;, aqui, remontam especialmente a fatos ocorridos no primeiro semestre de 2018. Aplicado em 4 e 11 de novembro, o exame deve estar pronto com antecedência, de modo que as questões possam ser pré-testadas e o formato da prova, definido. Portanto, não há tempo hábil para que constem na prova, digamos, o incêndio no Museu Nacional do Brasil, ocorrido no Rio de Janeiro em setembro, ou desdobramentos truculentos do processo eleitoral em andamento.
O imediatismo não chega a tanto, garantem os professores. ;Eu diria que vão até junho, no máximo, que é quando as provas precisam estar prontas;, afirma Orlando Stiebler, professor de história e atualidades da plataforma on-line QG do Enem. ;As atualidades de 2018 que estiveram na mídia durante esse período são as que devem constar nas questões.;
;O Enem faz muito isso de pegar um tema da atualidade e retornar a algum assunto. Por exemplo, relacionar a ascensão dos partidos de direita na Europa com a Revolução Francesa e como surge direita e esquerda. Faz mais isso do que abordar temas totalmente atuais;, afirma a estudante Ana Lídia Barbosa, 20.
Temas nacionais e internacionais
Para o professor Orlando, o que está em pauta influencia na prova em duas frentes. ;Podem estar tanto nas questões objetivas quanto na redação. Esta é mais ligada à abordagem filosófica, sociológica e comportamental. Temas são mais ;abstratos;, por assim dizer. Estão no cotidiano, com uma abordagem mais subjetiva e exigindo propostas dos candidatos;, define. A outra parte diz respeito a temas em geopolítica e história contemporânea.
Além disso, a dissertação difere-se pelo conteúdo tradicionalmente nacional e voltado à aplicação no presente, enquanto as indagações objetivas apresentam amplas possibilidades. Breno Vargas, 18, aposta nessa diferenciação e se preocupa com os temas internacionais. ;Acredito que as questões virão falando sobre os conflitos no Oriente Médio e a guerra na Síria.; Para ele, a maior dificuldade é colocar em prática o aprendizado. ;É um conteúdo escasso de questões para treinar, tenho que me virar lendo as notícias. Me preparo estando atento às revistas e jornais digitais, e gosto muito de rádio também;, complementa.
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*Estagiário sob supervisão de Ana Sá