Enem

Questões de biologia no Enem privilegiam viés social

Temas caros ao debate público e interdisciplinares são o essencial para a parcela da disciplina na prova de ciências da natureza, garantiram professores em live do Especial Enem

Jairo Macedo-Especial para o Correio
postado em 17/10/2018 18:00
O conteúdo para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) preparado pelo Correio completou o ciclo sobre a prova de ciências da natureza e suas tecnologias com um bate-papo sobre biologia. Os professores Cynthia Conte e Alessandro Reis, que lecionam a disciplina no Centro Educacional Sigma, participaram de live nesta quarta-feira (17). Na ocasião, eles garantiram que, ampla e interdisciplinar, a cobrança da disciplina no Enem tende a priorizar uma abordagem social do conteúdo, que vem crescendo gradativamente em dificuldade.

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;Não é uma prova difícil para quem está estudando. Mas tem um viés diferente. A prova é, antes de tudo, sobre uma biologia social. Fala de temas como desequilíbrio ecológico, problemas ambientais, aplicação de vacinas, aquilo que vemos sendo debatido na mídia;, sintetiza Cynthia Conte. Para ela, aquela história de que é possível resolver as questões somente pela dedução a partir do texto em si, sem maior do domínio do conteúdo, vem caindo por terra ano a ano. ;Antigamente, o Enem envolvia mais a leitura básica do enunciado, deduzindo a partir dele o que quer a questão. Agora, é preciso uma bagagem e conhecimento agregado.;

Interdisciplinaridade

Alessandro Reis concorda com a colega. ;A parcela de biologia da prova vem ganhando espaço e complexidade, tornando-se mais conteudista, assim como as questões de física e química;, diz. Não basta mais ser generalista. ;Anteriormente, quem tinha conhecimento básico conseguia responder. Você precisa avançar para fisiologia, genética e demais desdobramentos da disciplina. Os últimos dois exames são prova disso: trouxeram questões que vão mais a fundo em genética e em ecologia, buscando inter-relações com a geografia e a química.;
Alessandro e Cynthia: professores do Sigma apostam em prova mais conteudista
Com isto, vale a pena o candidato se atentar para a tão falada, mas nem sempre compreendida e trabalhada, interdisciplinaridade do exame. ;Ela é um fato. Se analisarmos questões anteriores, veremos que, sem geografia, não é possível resolver questões que envolvem matriz energética e conceitos de ecologia;, exemplifica Alessandro. A matriz curricular é ampla e exige do estudante a capacidade de interligar componentes. ;Há questões que envolvem fórmulas e processos bioquímicos. Não dá para responder sem saber mais do que apenas biologia.;

Para não esbarrar nas limitações de ensino e aprendizado, a professora Cynthia recomenda muito treino. ;Dentro de cada escola, é comum haver simulados, que tentam fazer essa junção, além de estimular os alunos a fazerem as questões de edições anteriores, o que é fundamental.;
Cynthia Conte recomenda treino e simulados
O comprometimento deve vir também dos professores. ;Hoje, seja na rede pública ou particular, é muito difícil para um educador se limitar a trabalhar somente a sua disciplina. Para a biologia, matemática é ferramenta, língua portuguesa é ferramenta. Todas as ciências se integram em algum ponto;, observa Alessandro Reis. ;Eu posso não ser nenhum grande especialista em ligação química nem eletricidade, mas, no ensino da biologia, quando falo de um impulso nervoso, tenho a física incorporada. Preciso dominar conceitos básicos.;

Conteúdos

Os professores do Sigma apostam na recorrência em grandes eixos que, invariavelmente, caem no exame: ecologia, citologia, fisiologia, programa de saúde, genética e evolução. ;Citologia trabalhamos na terceira série do ensino médio e, no Enem, ocupa cerca de 10% da prova. Fisiologia humana, do mesmo ano, vem ganhando espaço maior nas últimas edições;, avalia Alessandro.

Programa de saúde, por sua vez, ganha espaço pela presença no debate público e constarão também na prova. ;São questões relacionadas a doenças epidêmicas;, afirma Cynthia, ;que sempre constam na mídia. Vale a pena reforçar seu conhecimento sobre chicungunha e dengue, que são muito esperados na prova.;

O professor Alessandro, inclusive, escreveu um artigo para o Correio, no qual aborda o assunto, em voga especialmente em função das fake news, que vêm disseminando informações incorretas e prejudicando as políticas de vacinação. ;Apesar do assunto ser relativamente novo, acredito que o Enem cobrará o básico: para o que serve uma vacina? Ela tem finalidade preventiva e não curativa. A partir de que ela é feita?;, acrescenta Cynthia. É fundamental identificar o agente causador, se é uma virose ou uma bacteriose, e como funciona o sistema imunológico.;

Revisão e boas leituras

A essa altura, faltando exatos 23 dias para o exame, não vale ;abraçar o mundo; e aprender tudo o que não sabe, garante os professores. ;Ao contrário, é o momento de revisar. A melhor maneira de fazer isso é resolver edições antigas, além de comparecer a aulões e fazer o simulado;, sublinha Alessandro Reis.

Buscar bons conteúdos para além da sala de aula também é uma grande dica. Nesse caso, os dois professores indicam a revista Ciência Hoje, de conteúdo amplo e diferenciado. ;Veja nossas dicas também, siga o conteúdo das lives;, conclui Cynthia.



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