Isadora Martins*
postado em 03/07/2019 19:41
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá aplicação digital a partir de 2020. O anúncio, feito pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (3), dividiu opiniões de estudantes e professores.
O presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Ademar Batista, avalia o novo modelo de forma positiva. ;Eu acho que é bom, é um avanço. Há uma tendência de automatizar os processos;, afirma. ;A gente espera que, com essa versão tecnológica, venham algumas inovações no sentido de dar um retorno mais rápido às escolas, para que elas saibam no que podem melhorar;, completa.
;Eu tenho absoluta certeza de que é melhor. Você não pode dar as costas para a tecnologia hoje;, afirma Álvaro Domingues, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe). De acordo com ele, o Enem digital é mais rápido e prático. ;Você não tem que ter toda aquela logística de distribuição de provas físicas, o que é caro. Além disso, você consegue realizar mais de um exame por ano, gerar mais dados, mais resultados;, explica. ;Eu sou absolutamente a favor. Acho que já estamos chegando tarde nesse processo;, opina.
Sami Izat, professor de química da Secretaria de Educação do Distrito Federal e do pré-vestibular Exatas, discorda que o novo formato será melhor. ;Eu sou professor da rede pública e, vendo o que o governo oferece para a educação básica, eu acredito que depender da tecnologia pode ser ruim;. De acordo com o professor, o Enem digital é ;um pouco perigoso; e dá margem para fraude. ;É mais econômico para o governo, mas é mais difícil ter um controle disso;, diz.
O professor de química e coordenador do Colégio Galois, Euclides Chacon, analisa as vantagens e desvantagens do exame na versão digital. ;Eu acho que já está passando da hora de a gente ter um Enem completamente digital. Inclusive porque a correção e o sistema de aplicação da prova se tornam mais precisos;, diz. ;Agora, como é que vai ficar a logística de aplicação? As localidades que estão muito afastadas das capitais vão ter condições de infraestrutura para implementar o novo modelo?;, questiona. Ainda de acordo com o docente, que também é professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal, é necessário analisar se o Enem digital é seguro.
Opinião dos estudantes
A estudante Giovanna Letícia Maia, 16, está no 2; ano do ensino médio e prestará o Enem ano que vem. Para ela, o formato digital não é vantajoso. ;A prova vai ser mais complexa. Vai ser complicado para aquelas pessoas que não têm tanto acesso a tecnologia e informação;, diz. ;Eu acho que o novo formato não é uma boa ideia", completa. Giovanna faz ensino médio integrado a informática no Instituto Federal Goiano (IFGoiano), no câmpus Campos Belos.
;Eu acho que essa mudança na aplicação da prova traz um pouco de insegurança, porque rompe com a tradição com a qual já estávamos acostumados;, diz Davi de Macedo, 16, estudante do 2; ano do ensino médio do Exatas. ;Mas também penso que essa modernização do Enem é uma resposta às novas ferramentas da educação e do mercado de trabalho. Acredito que é natural que os mecanismos de avaliação se adaptem;, completa. Ainda de acordo com o estudante, é imprescindível que seja feita uma boa fiscalização para que não haja fraudes no exame.
Saiba o que vai mudar no exame
Em 2020, o Enem digital será aplicado de forma opcional em 15 capitais brasileiras, inclusive no Distrito Federal. O valor da taxa será o mesmo para a prova física e para a digital. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), em 2026 a versão em papel não será mais distribuída, e o exame só será realizado online.
Ainda segundo o MEC, o Enem digital permitirá a aplicação de questões mais interativas, com vídeos, infográficos e até jogos. Além disso, a prova será feita por agendamento.
*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá